
Castor de Andrade foi um empresário ligado ao jogo do bicho e bancou, por muito tempo, o time do Bangu Atlético Clube, tradicional time da zona oeste carioca e antigo celeiro de craques. Foi com Castor à frente da diretoria que o Bangu fez a excelente campanha no Brasileiro/1985, sendo vice-campeão e tendo 03 (três) jogadores ganhadores da Bola de Prata da Revista Placar, o lateral-esquerdo Baby, o ponta-esquerda Ado e o ponta-direita Marinho, este ainda recebendo a Bola de Ouro como o melhor jogador da temporada.
Mas a passagem deste post se deu no campeonato carioca. Jogo em Moça Bonita, casa do Bangu, quarta-feira à tarde, poucas testemunhas além da charanga tocando o hino do time e a marchinha Maria Sapatão. O Bangu estava vencendo apertado e o jogo já se encaminha para o seu fim. O goleiro Gilmar faz cera na hora de cobrar o tiro de meta. O árbitro, com autoridade, se dirige ao arqueiro falando:
- Bora, Gilmar!!! Não complica, repõe esta merda!!!
O goleiro insistiu na demora e o árbitro parte em sua direção. Daí, em meio à musiquinha da charanga surge a tonitruante voz do benfeitor do Bangu, que estava bem (ou mal) acompanhado por dois capangas armados.
- Cartão para ele, não! Já tem dois e vai ser suspenso. Domingo é contra o Fluminense.
O árbitro escuta a voz e muda o curso da corrida e vai para cima do zagueiro. De novo o mandatário berra:
- Também não!!! Tem dois cartões.
Daí, a autoridade máxima em campo começa a rodar feito peru bêbado até parar na frente do lateral-esquerdo. Castor de Andrade emenda:
- Esse pode. Amarela ele!
Cartão para o lateral que entrou de gaiato no navio. A curiosidade ficou para o que foi colocado na súmula. No fim do jogo, estava lá:
“Aos 88 minutos de jogo fui acometido de grave crise de labirintite e comecei a rodar em campo. Ofendido pelo camisa número 6 do Bangu, que zombou do meu problema de saúde, assim que me recuperei apliquei-lhe o cartão amarelo”.
Créditos de Imagens e Informações para criação do texto: “Ode a Mauro Shampoo e outras histórias da várzea” (Luiz Antonio Simas)