Antes de ser alvo, Deltan concordava com jornalista publicar vazamento ilegal

22 de Junho 2019 - 20h29
Créditos:

O site The Intercept Brasil publicou mais uma reportagem dos vazamentos de mensagens obtidos pelo jornalista Glen Greenwald por uma fonte anônima. Dessa vez o site não publicou extensas conversas entre procuradores, mas apenas opiniões de Deltan, dadas em chats privados, que mostram que, antes de serem alvos de vazamentos, os procuradores da força-tarefa enfatizavam que jornalistas têm o direito de publicar materiais obtidos por vias ilegais, e que a publicação desses materiais fortalece a democracia, diferente do que pensam hoje, após serem alvos de vazamentos.

A reportagem critica a postura de Sérgio Moro e Deltan que, em resposta aos vazamentos, vem tentando criminalizar a ação dos jornalistas, tendo o próprio ministro Moro se referido ao Intercept como “site aliado a hackers criminosos”.

Segundo o site, Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, era o maior entusiasta dessas garantias. Inclusive a própria Lava Jato, coordenada por ele, se valeu, por anos, de vazamentos de trechos de delações premiadas e outros materiais confidenciais contidos nos autos das investigações e vazados pr agentes públicos.

Em novembro de 2015, num chat chamado PF-MPF Lava Jato 2, enquanto discutiam medidas para coibir vazamentos de informações da força-tarefa, Deltan alertou seus colegas que utilizar o poder processual para investigar jornalistas que tenham publicado material vazado não seria apenas difícil mas “praticamente impossível”, porque “jornalista que vaza não comete crime”.

Conforme decisão do STJ “o jornalista que divulga trechos de investigação policial que corre em sigilo não comete nenhum crime.” A decisão diz ainda que “Não se trata, por certo, de pretender punir a pena e a boca que, no exercício de nobre profissão, revelam, mas a mão de quem, detentor de dever de preservação do sigilo de informações, a usa para reduzir a nada a autoridade da decisão judicial e as garantias constitucionais.”

A reportagem lembra ainda que Deltan defendeu a decisão de Moro de tornar públicas gravações telefônicas do ex-presidente Lula com a então presidenta Dilma Rousseff. Em defesa do então juiz, Deltan argumentou que o direito à privacidade das autoridades não se sobrepõe ao interesse do público de saber o que aqueles que detém o poder fazem e dizem em situações privadas. Ele se referia, na ocasião, a um gampo ilegal divulgado por Moro da conversa entre Dilma e Lula.

Leia a matéria completa clicando aqui.