As panteras do River/PI e a estreia do América/RN no Brasileirão/1977

16 de Dezembro 2019 - 07h04
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O campeonato nacional de 1977 começou em meados de outubro daquele ano e se estendeu até março/1978, tendo, ao final, o São Paulo sendo alçado a condição de campeão após vencer o Atlético-MG, nos pênaltis, que era o favorito e terminou o campeonato invicto.

O América/RN havia sido campeão potiguar no mês anterior, naquele jogo que ficou conhecido como “a batalha campal” e que teve todos os jogadores titulares, reservas e membros das comissões técnicas de ambas as equipes expulsos após uma briga generalizada iniciada com o centroavante Anderson (ABC) correndo atrás do volante Zeca (América).

Nem tudo era expectativa para o início do Nacional. Para a sua estréia fora de casa, a direção americana, por meio do seu presidente Jussier Santos, corria atrás de repatriar o centroavante Aloísio “Guerreiro”, que após o campeonato estadual tinha retornado ao Fluminense/RJ. O ABC havia entrado na disputa pelo atleta e o presidente do alvinegro, José Nilson de Sá, estava tratando pessoalmente desse presente para a frasqueira, que no fim não vingou, com o artilheiro retornado ao lar rubro. O América estava sem ponta de lança e improvisava Marinho na frente do ataque, pois Santa Cruz havia recebido o passe livre. O meio-campo Garcia não se entendeu com o treinador Laerte Dória e reclamou ter sido deslocado para a ponta-direita, sendo afastado do treino e da delegação. Joel Natalino Santana sofreu contusão no treino de apronto e também não viajou. Alberi e Ivanildo, que foram expulsos na final do Estadual e tiveram suas penas convertidas em multas pelo TJD/RN, não tinham certeza se poderiam participar do jogo e, por precaução, já que a Confederação Brasileira de Desportos não respondeu ao questionamento da direção rubra, também não embarcaram.

O adversário do América foi o River/PI do meia atacante Sima, então artilheiro dos certames regionais de 1977, com 33 gols, à frente de goleadores que integravam a seleção brasileira de futebol como Zico, Reinaldo, Roberto “Dinamite” e Serginho “Chulapa”.  

A partida foi um dos maiores desastres da história do time da Rodrigues Alves em campeonatos nacionais. Sima partiu para cima do América e foi o principal protagonista ao impor uma derrota acachapante de 5x1, com o primeiro tempo terminando 4x0 para o River e o placar sendo fechado na etapa segunda. O artilheiro, que havia renovado no dia anterior e estava solto em campo, foi o nome do jogo marcando 4 gols.

O time piauiense não era nenhum primor, mas, diz o folclore do futebol, trouxe reforços fundamentais para esse jogo.

Os jornais da época dão conta que o hotel onde o América ficou concentrado tinha camareiras com o perfil diferente de outras hospedarias. Moças muito bonitas, risonhas e treinadas a se mostrarem aos atletas e trocar olhares convidativos. A comissão técnica demorou a perceber a disfarçada técnica de doping e a armadilha só foi assimilada quando começou a partida e o time estava “com o freio de mão puxado”.

Folclore, ou não, a estreia fez a direção executiva e a comissão técnica abrir os olhos e a cobrança em cima dos jogadores passou a ser maior nos futuros jogos fora de casa, com os atletas mostrando que eram profissionais e, ao fim do campeonato, escreveram uma das mais belas páginas de participação do clube rubro em certames nacionais, ficando em 17º lugar entre 62 (sessenta e duas) equipes. 

No jogo da volta, o América devolveu a goleada por 5x0. O River/PI, ao que parece, não repetiu a tática da estreia no decorrer do campeonato e findou em 44º lugar. 

A imagem que acompanha esta postagem mostra a gozação do irreverente “Cartão Amarelo” (Everaldo Lopes e Edmar Viana), no Diário de Natal, em razão do fato pitoresco e que ficou no folclore do futebol potiguar.

Créditos de Imagens e Informações para criação do texto: Diário de Natal.