
A Polícia Civil analisa vídeos da emboscada dos palmeirenses aos cruzeirenses, no domingo (27) em Mairiporã, Grande São Paulo, para tentar identificar os agressores. O torcedores poderão responder pelos crimes de homicídio, incêndio, associação criminosa e lesão corporal.
Um torcedor do Cruzeiro morreu e 17 outros fãs do time mineiro ficaram feridos, sendo 12 deles com gravidade. Dois ônibus que levavam os cruzeirenses foram atacados por torcedores do Palmeiras, que estavam em outro ônibus. O ataque ocorreu na Rodovia Fernão Dias.
Filmagens feitas pelos próprios palmeirenses viralizaram nas redes sociais. Eles mostram como atacaram cruzeirenses.
José Victor Miranda, torcedor da Máfia Azul, morreu. Ele tinha 30 anos e, segundo seus parentes informaram à reportagem, a vítima estava dentro de um ônibus que foi incendiado e acabou sofrendo queimaduras fatais. Outro ônibus cruzeirense teve os vidros quebrados.
A verdadeira causa da morte de José Victor só será oficialmente conhecida após a conclusão do laudo necroscópico dele. O exame ainda não ficou pronto. As autoridades também não informaram quais foram as lesões e os estados de saúde dos demais cruzeirenses machucados e internados em hospitais.
Catorze dos feridos foram socorridos por ambulâncias e levados para o hospital Anjo Gabriel, em Mairiporã. Outros três seguiram para outro hospital em Franco da Rocha, município vizinho.
A Delegacia de Mairiporã não havia identificado nenhum suspeito pelos crimes até a última atualização desta reportagem. Os policiais também investigam qual foi a motivação para o ataque.
Uma das hipóteses investigadas é se os palmeirenses quiseram se vingar dos cruzeirenses por causa de uma briga ocorrida em 29 de setembro de 2022. À época, as torcidas organizadas do Cruzeiro, a Máfia Azul, e a do Palmeiras, a Mancha Alviverde, deixou quatro pessoas baleadas e outras dez feridas num pedágio numa rodovia em Carmópolis de Minas, no Centro-Oeste de Minas Gerais.
Organizadas de Cruzeiro e Palmeiras se enfrentam na rodovia Fernão Dias, em MG
À época, um vídeo compartilhado na internet mostrou um palmeirense caído no asfalto enquanto era agredido. Era possível ouvir os agressores dizendo: "A Mancha perdeu, não bate mais não, não bate mais não".
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que vai acompanhar as investigações da Polícia Civil para identificar e responsabilizar os torcedores do Palmeiras investigados pela morte e ferimentos aos cruzeirenses.
Segundo o procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, chefe do MP estadual, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) da Promotoria, vai investigar torcidas que agem como "facções criminosas".
150 torcedores no tumulto
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os palmeirenses usaram pedaços de madeira e usaram fogo para atacar os cruzeirenses. Ao todo, cerca de 150 torcedores estavam se enfrentando na rodovia.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o confronto entre as torcidas ocorreu por volta das 5h20, no km 65 da via, sentido Belo Horizonte. Informações iniciais dos policiais dão conta de que ônibus com os torcedores rivais se cruzaram, os palmeirenses pararam na via e iniciaram o tumulto.
A Polícia Militar foi acionada por testemunhas para ir ao local atender a ocorrência. O Corpo de Bombeiros também foi mobilizado e apagou as chamas do ônibus. Ainda não há confirmação oficial se algum torcedor se queimou.
Segundo a PRF, os palmeirenses tinham acompanhado o empate por 2 a 2 entre o Palmeiras e o Fortaleza, no sábado (26) na capital paulista. Os cruzeirenses, de acordo com os policiais, retornavam de Curitiba, no Paraná, onde o Cruzeiro perdeu por 3 a 0 para o Atlético Paranaense. Todas as equipes disputam o Campeonato Brasileiro de futebol masculino.
O que diz o Cruzeiro
Por meio de nota divulgada no X, o Cruzeiro lamentou a morte e os ferimentos em seus torcedores.
"O Cruzeiro lamenta profundamente mais um episódio de violência entre torcedores, desta vez durante a madrugada, na rodovia Fernão Dias, que culminou com a morte de um cruzeirense e vários feridos. Não há mais espaço para violência no futebol, um esporte que une paixões e multidões. Precisamos dar um basta a esses atos criminosos", informa o comunicado do clube que tem sede em Belo Horizonte, capital mineira.
O que diz o Palmeiras
Também por meio de nota, o Palmeiras informou que não tolera ações violentas de seus torcedores.
"A Sociedade Esportiva Palmeiras repudia as cenas de violência protagonizadas na Rodovia Fernão Dias, na manhã deste domingo. O futebol não pode servir como pano de fundo para brigas e mortes. Que os fatos sejam devidamente apurados pelas autoridades competentes e os criminosos, punidos com rigor", informa comunicado divulgado pelo clube por meio de sua assessoria de imprensa.
Com informações de g1