A labirintite do árbitro em Moça Bonita

31 de Outubro 2019 - 11h11
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Castor de Andrade foi um empresário ligado ao jogo do bicho e bancou, por muito tempo, o time do Bangu Atlético Clube, tradicional time da zona oeste carioca e antigo celeiro de craques. Foi com Castor à frente da diretoria que o Bangu fez a excelente campanha no Brasileiro/1985, sendo vice-campeão e tendo 03 (três) jogadores ganhadores da Bola de Prata da Revista Placar, o lateral-esquerdo Baby, o ponta-esquerda Ado e o ponta-direita Marinho, este ainda recebendo a Bola de Ouro como o melhor jogador da temporada.

Mas a passagem deste post se deu no campeonato carioca. Jogo em Moça Bonita, casa do Bangu, quarta-feira à tarde, poucas testemunhas além da charanga tocando o hino do time e a marchinha Maria Sapatão. O Bangu estava vencendo apertado e o jogo já se encaminha para o seu fim. O goleiro Gilmar faz cera na hora de cobrar o tiro de meta. O árbitro, com autoridade, se dirige ao arqueiro falando:

- Bora, Gilmar!!! Não complica, repõe esta merda!!!

O goleiro insistiu na demora e o árbitro parte em sua direção. Daí, em meio à musiquinha da charanga surge a tonitruante voz do benfeitor do Bangu, que estava bem (ou mal) acompanhado por dois capangas armados.

- Cartão para ele, não! Já tem dois e vai ser suspenso. Domingo é contra o Fluminense.

O árbitro escuta a voz e muda o curso da corrida e vai para cima do zagueiro. De novo o mandatário berra:

- Também não!!! Tem dois cartões.

Daí, a autoridade máxima em campo começa a rodar feito peru bêbado até parar na frente do lateral-esquerdo. Castor de Andrade emenda:

- Esse pode. Amarela ele!

Cartão para o lateral que entrou de gaiato no navio. A curiosidade ficou para o que foi colocado na súmula. No fim do jogo, estava lá:

“Aos 88 minutos de jogo fui acometido de grave crise de labirintite e comecei a rodar em campo. Ofendido pelo camisa número 6 do Bangu, que zombou do meu problema de saúde, assim que me recuperei apliquei-lhe o cartão amarelo”.

Créditos de Imagens e Informações para criação do texto: “Ode a Mauro Shampoo e outras histórias da várzea” (Luiz Antonio Simas)