ABIH: Prejuízo do turismo no RN pode chegar a R$ 750 milhões em 2020

28 de julho 2020 - 03h28
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Com a pandemia do novo coronavírus, 2020 tem sido um ano difícil para diversos setores econômicos, mas no topo dessa lista está a indústria do turismo, que compreende a hoteleira, setor de eventos, bares e restaurantes, receptivos e passeios. Desses a hotelaria é ainda mais afetada, tendo em vista as suas infraestruturas e o grande número de funcionários. Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC), calculam que desde o início da pandemia o turismo já acumula perdas da ordem de 121,97 bilhões de reais, e, que, neste mesmo período, mais de 275 mil postos formais de trabalho foram extintos.

No Rio Grande do Norte, em especial na cidade de Natal, uma das capitais do país onde a hotelaria sempre assumiu um papel de destaque para a economia local, está vivendo uma crise nunca antes vista, onde as sequelas para o setor ainda hão de ser quantificadas, haja vista que a crise ainda perdura, e para o turismo, infelizmente, irá demorar um pouco mais. Estudo da Fundação Getúlio Vargas indica que o turismo somente retornará aos patamares de março/20 somente em novembro/21.

Nesse período de Pandemia, algumas instituições não governamentais ganharam seu destaque face ao trabalho que vem realizando na defesa do seu setor, com vistas ao enfrentamento da crise, buscando alternativas de atenuar as perdas, que foram muito altas, e traçando diretrizes na busca de soluções para que as empresas possam manter suas atividades e os empregos.

José Odécio, presidente da ABIH-RN, destacou a situação do turismo hoje no Rio Grande do Norte, “nos últimos 4 meses o setor vem enfrentando a mais grave crise jamais vivida, e isso teve um impacto avassalador na saúde financeira das empresas, o que gerou, conforme pesquisa entre os nossos associados, o desemprego de mais de 60% da mão de obra do setor. Hoje estamos ainda com mais de 60% dos hotéis fechados, e os que abriram tem baixíssima taxa de ocupação, não superando os 10%. Estimamos até agora uma perda de receita de mais de R$300 milhões, e projeção de perdas ainda de mais de R$450 milhões até o final do ano se a crise perdurar, com o risco de falência de muitas empresas”.

A hotelaria enfrenta algumas dificuldades para a retomada, haja vista o alto custo dos hotéis para colocar-se em operação, com esses 4 meses de paralisação e os protocolos que têm de adotar, além dos custos operacionais. “Segundo, nessa retomada, somente teremos o turismo regional, que não sustenta a demanda que possuímos, assim, mesmo que os hotéis estejam abertos, até que voltemos a ter mais voos, e, em consequência os turistas de outros estados mais distantes, os hotéis, se abertos, irão operar no prejuízo, razão pela qual os grandes hotéis não veem perspectiva de abertura, e aguardam por condições mais favoráveis”, destacou José Odécio.

Questionado sobre a expectativa para recuperação econômica do setor, o presidente da ABIH-RN, explicou que o setor de turismo, em especial a hotelaria, terá uma curva de recuperação em L, ou seja, irá passar um tempo maior para voltar aos patamares de antes da crise. “ A Fundação Getúlio Vargas projeta uma plena retomada somente em novembro de 2021, até lá teremos de conviver com uma realidade bem difícil de baixa ocupação, com alguns picos, mas sem muita relevância, devendo os empresários terem muita consciência do momento para manter suas empresas vivas”.

Sobre o adiamento da reabertura da hotelaria de Natal, Odécio pontuou, “sabemos que nesse reinício apenas o turismo regional terá mais relevância, e com isso, a demanda de turistas será menor que a oferta de leitos, e assim, abrir um hotel, com os altos custos da retomada e da operação, é muito arriscado. É preciso que tenhamos mais demanda de turistas para que os hotéis possam ter confiança e voltem suas operações. Adicionalmente, temos esse problema do aeroporto que gera mais desconfiança no setor e mais insegurança para todos nós.”.