Algumas lembranças de Níldemes Antunes

09 de Agosto 2020 - 07h04
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Níldemes Antunes de França nos deixou no último dia 30 de julho. Ele carregou por toda a vida o apelido de “Piolho”, pois ao tempo em que foi central de futebol de salão era considerado um marcador implacável. Foi atleta da chamada “bola pesada” numa época em que o esporte ganhou corpo em Natal e as pelejas jogadas no recém-inaugurado Palácio dos Esportes juntava gente para ver. Jogou no ABC, Bola Preta e Seleção do Rio Grande do Norte. Ainda enquanto atleta, começou o ofício de arbitrar partidas, seja na quadra, seja no campo. Como juiz de futebol e de futebol de salão apitou Jerns, Jurns, Jubs, mundial universitário em SP/1984, antigos campeonatos de praia, Copa Ruben Massud, Matutão, Copa Arizona, Campeonatos Estaduais e Brasileiros, Copa do Brasil das duas modalidades. Seu período no apito foi nas décadas de 1970 e 1980.

Como atleta, árbitro e mesmo após encerrar a carreira, gozou de grande prestígio junto à classe esportiva. Embora seja uma atividade onde tudo converge para que o juiz do jogo seja o alvo das mais severas críticas, Níldemes soube bem transitar e a lembrança que se tem dele, no mundo do esporte, era de ser um verdadeiro mediador, coerente, educado, neutro.

Contudo, não há um árbitro de futebol que não tenha se envolvido em uma polêmica. Isso é fato. Talvez a maior delas, em sua carreira, tenha sido em 25.04.1987, quando durante um ABC x Riachuelo, pelo Campeonato Estadual, acertou um soco no meio-campo Dedé de Dora (ABC). Justificou que agrediu primeiro para não ser agredido, uma vez que o atleta partiu para cima dele após ser expulso de campo. No mínimo, a situação ganhou contornos de curiosidade, haja vista que não é comum um árbitro tomar a iniciativa de iniciar um embate físico em campo.

Em outra ocasião, em 03.06.1982, às vésperas do Castelão completar seu décimo aniversário, Alecrim x Riachuelo jogaram pela abertura do 3º turno do Estadual. A imprensa da época teceu críticas por conta de dois pênaltis claros que não foram marcados contra o Alecrim. No dia seguinte, mostrando sua grandeza moral, Níldemes falou a Coluna “Numeradas”, do jornalista Everaldo Lopes (Diário de Natal), justificando o seu erro em razão da chuva intensa que caía naquela noite, o que prejudicou sua visão. “Não era o meu dia. Assumo meus erros”, disse prontamente.

Em maio/1984, expulsou de campo o lateral-direito Leandro (Flamengo), por ofensas morais, numa partida amistosa contra a Seleção do RN. O então técnico do time carioca, Cláudio Garcia, e o fisicultor José Roberto Francalacci entraram em campo para reclamar e Níldemes, incontinenti, “mandou os dois também para o chuveiro”. O Flamengo quis fazer drama e não voltar para o segundo tempo, mas, voltou, afinal, o árbitro não revolveu a sua decisão.    

No descortinar do ano de 1985, Níldemes, em atitude corajosa, enfrentou riscos e denunciou um suborno ocorrido durante um torneio interiorano promovido pela Federação Norte-rio-grandense de Futebol de Salão da época, implicando na indicação de árbitros e dirigente envolvidos.

O que poucas pessoas sabem é que Níldemes Antunes de França, além de ex-jogador e árbitro de futebol de salão, também foi árbitro de basquete.

Após deixar as quadras e campos, trabalhou como administrador do Estádio Machadão e do Ginásio Palácio dos Esportes. Aliás, o ginásio “é a cara” de Níldemes.

Créditos de informações e imagens para criação do texto: Ribamar Cavalcante e Diário de Natal