Após troca na Petrobras, Bolsonaro cita PCC para justificar preço em postos

21 de Fevereiro 2021 - 04h42
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No dia seguinte à indicação para trocar a presidência da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) justificou a apoiadores o preço elevado dos combustíveis no país elencando motivos que vão de diversos órgãos de controle que não funcionariam em sua visão, até que o PCC (Primeiro Comando da Capital) domina postos em "um grande estado do Brasil". A fala ocorreu logo depois de evento militar realizado em Campinas (SP).

"Há uma indústria bilionária, clandestina nos combustíveis do Brasil. Temos informações, inclusive, de que o PCC domina grande quantidade de postos de um grande estado do Brasil", disse Bolsonaro, sem especificar quais informações possui e a qual estado se referia.

A fala sobre a facção criminosa ocorreu num contexto em que o presidente, crítico da política de reajustes da Petrobras, dizia que a formação de preço dos combustíveis no país é uma "caixa preta".

Não citada pelo presidente, uma investigação da Polícia Federal levou, no ano passado, à deflagração da Operação Rei do Crime. Os investigadores apontaram que membros do PCC operacionalizavam a lavagem de dinheiro do narcotráfico em postos de combustíveis.

Os policiais federais firmaram parcerias com o antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e com a Receita Federal para cruzar dados de inteligência e mapear o 'caminho do dinheiro'. Os relatórios apontaram movimentações financeiras atípicas na casa dos R$ 30 bilhões, além da evolução patrimonial incompatível dos investigados.

"Quando você vê a nota fiscal você também não sabe quanto de imposto é federal, quanto é estadual, quanto é a margem de lucro dos postos e quanto se paga também na questão da distribuição. Você não sabe de nada, é uma caixa preta", declarou o presidente.

Na mesma fala, o presidente Bolsonaro citou como órgãos que deveriam "funcionar" o Ministério de Minas e Energia, a Petrobras, a ANP (Agência Nacional do Petróleo), uma secretaria de defesa do consumidor no Ministério da Justiça, e o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Segundo ele, esses órgãos "têm que mostrar serviço e não estourar no colo do presidente".