Bolsonaro admite usar Lei de Segurança Nacional para prender Lula de novo

12 de Novembro 2019 - 03h15
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Em entrevista exclusiva concedida ao portal O Antagonista, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) falou do risco de Lula ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional, caso tente subverter a ordem constitucional.

O Antagonista – Presidente, o Lula foi solto, fez um discurso apelando para a radicalização. Falou para fazer o Chile aqui no Brasil. Tem muita gente avaliando que o discurso de radicalização do Lula o beneficia, porque aumenta a polarização e isso pode vir até ajudar a reunificar a sua base de apoio. O sr concorda com essa avaliação?

Jair Bolsonaro – Olha, o Lula está solto, mas ele continua condenado, em terceira instância. Eu não pretendo dar palanque para ele. Discutir com uma pessoa que quase quebrou a Petrobras, que causou um estrago enorme junto aos fundos de pensão, deixou uma dívida enorme de recursos do BNDES que foram aplicados em países comunistas no mundo todo, que deixou um péssimo legado no tocante aos valores familiares. Uma pessoa que usou do poder em causa própria, inclusive com o plano de poder absoluto. Através das palavras do Zé Dirceu, isso voltou à tona. Ele disse agora que é a hora de tomar o poder. Eles tentaram tomar o poder no passado, por vias não democráticas. Chegaram pela democracia, se embebedaram no poder e querem voltar a qualquer custo, até porque grande parte das pessoas nunca trabalhou, sempre viveu às custas do Estado. Então, o fato de eu não querer rebater palavra por palavra do que ele fala a meu respeito é para não dar palanque para ele.

Já falou muita coisa a meu respeito, mas eu cheguei de forma democrática ao poder, como ele chegou. Só que, como eu disse há pouco, nenhum outro governo foi tão democrático como o meu. Em nenhum momento eu falei em controle social da mídia e nem aparelhei o Estado para me blindar ou para me locupletar do mesmo. E ponho um ponto final aqui. Vou continuar cada vez mais trabalhando para o Brasil melhorar.

O Antagonista – Esse tipo de incitação à violência (Lula pediu para os brasileiros repetirem os protestos no Chile) pode ser enquadrado legalmente?

Bolsonaro – Temos uma Lei de Segurança Nacional que está aí para ser usada. Alguns acham que os pronunciamentos, as falas desse elemento, que por ora está solto, infringem a lei. Agora, nós acionaremos a Justiça quando tivermos mais do que certeza de que ele está nesse discurso para atingir os seus objetivos. Você pode ver no Chile, o presidente Piñera demitiu todos seus ministros, pediu perdão e continua a mesma coisa. Na Argentina, não houve nenhum badernaço, porque já era uma tendência a turma da Cristina voltar ao poder como voltou. Então, acredito que não tenha problema. Agora tem que se preparar porque, na América do Sul, o Brasil é a cereja do bolo. Se nós aqui entrarmos em convulsão, complica a situação. Você pode ver no dia de ontem, agora você tem o Foro (Grupo) de Puebla, mudou de nome o Foro São Paulo, esteve reunido na Argentina. Estava lá o Mercadante, Dilma Rousseff, e gente da América do Sul toda, por meio da Argentina, (para) continuar com essa política de grande pátria bolivariana, ou uma só a América do Sul. Mas o objetivo é sempre o mesmo. Esses países de esquerda, né, que já têm governo, como lá atrás quando foi criado, até as Farc fizeram parte, o objetivo era se ajudarem para chegar ao poder. O próprio Dirceu disse, algum tempo depois, que muitos que chegaram ao poder não acreditavam. E, aqui no Brasil, aconteceu um fenômeno conhecido como Mensalão,  Lava Jato, que botou, não digo um ponto final, mas botou um obstáculo para prosseguirem nessa tentativa insana de poder absoluto.

Fonte: O Antagonista