Bolsonaro quer perícia independente em Adriano; aumenta atrito com governadores

18 de Fevereiro 2020 - 06h31
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Após se eleger com apoio explícito de 15 dos 27 governadores em 2018, o presidente Jair Bolsonaro coleciona atritos com os representantes dos estados e desagrada à maioria dos antigos apoiadores. Os episódios públicos de confronto, que incluem trocas de farpas e disputas judiciais entre estados e União, se acirraram nesta segunda-feira com a publicação de uma carta, assinada por 20 governadores, com críticas às declarações de Bolsonaro sobre a morte do ex-PM Adriano da Nóbrega. O texto diz que as afirmações de Bolsonaro se antecipam a “investigações policiais para atribuir fatos graves às condutas das polícias e de seus governadores”, além de não contribuírem “para a evolução da democracia no Brasil”.

Bolsonaro insinuou no fim de semana que o ex-PM foi executado pelas forças policiais da Bahia, estado governado pelo PT. No passado, Adriano  foi homenageado por Bolsonaro e pelo seu filho Flávio. Posteriormente, foi acusado de chefiar grupo de milicianos e assassinos. Nesta terça, Bolsonaro voltou à carga e cobrou "perícia independente no corpo do ex-policial.   

IRRITAÇÃO

A iniciativa da carta partiu dos governadores de Rio, Wilson Witzel (PSC), e São Paulo, João Doria (PSDB), que não têm sido recebidos pelo presidente. “É preciso observar os limites institucionais com a responsabilidade que nossos mandatos exigem. Equilíbrio, sensatez e diálogo para entendimentos na pauta de interesse do povo é o que a sociedade espera de nós”, diz a carta. O Planalto não comentou o texto.

Os embates vão na contramão das administrações de Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer, que fizeram acenos públicos em busca de harmonia com os estados no primeiro ano de governo. Neste mês, Bolsonaro também aprofundou as rusgas ao excluir governadores do recém-criado Conselho da Amazônia e desafiar estados a zerar o ICMS sobre combustíveis.