
Cerca de 250 editais de compras e licitações são lançados diariamente por toda a administração pública federal. De forma automatizada, um sistema de informática rodado pela Controladoria-Geral da União (CGU) passou a analisá-los e, com a ajuda de algoritmos e códigos inteligentes, a detectar suspeitas de fraudes, falhas, direcionamento e sobrepreço: 22 editais foram revogados, evitando despesas de R$ 4,1 bilhões.
Batizado de Alice, sigla para Análise de Licitações e Editais, o sistema foi criado há aproximadamente três anos por técnicos da CGU. Após aperfeiçoamentos, passou a ser utilizado em larga escala desde dezembro do ano passado. De lá até novembro, a equipe técnica analisou suspeitas em 38 editais após alertas feitos pelo Alice, que totalizavam R$ 4,1 bilhões em gastos. Destas licitações, oito foram canceladas, 14 foram suspensas e 10 passaram por pequenos ajustes. A diferença entre o cancelamento e a suspensão é que, no primeiro caso, é necessário redefinir totalmente o edital, enquanto a suspensão só ocasiona mudanças mais pontuais na licitação. Nas outras cinco, as suspeitas de irregularidades não se confirmaram. Um último caso ainda está sob análise.
Todos os dias, o Alice faz uma leitura do edital com base em palavras-chaves e bancos de dados. É realizado, por exemplo, um cruzamento com informações da Receita Federal e de empresas que constam na lista negra da própria CGU, por já terem enfrentado problemas em contratos públicos. Caso o sistema detecte riscos, é enviado um alerta para os auditores da CGU.
Entram em campo, então, os técnicos da Controladoria, que analisam os casos prioritários. Quando decidem abrir uma auditoria, têm um prazo de oito dias para avaliar o edital e emitir um parecer ao órgão responsável pela licitação. Caso as irregularidades sejam graves, o pregão é cancelado.