Cláudio Castro recebeu R$ 326 mil e US$ 20 mil de propina quando era vereador e vice-governador, aponta relatório da PF

18 de Janeiro 2024 - 11h25
Créditos: Antônio Cruz/Agência Brasil

Um relatório da Polícia Federal (PF) indicou que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), recebeu pagamentos indevidos em, pelo menos, sete oportunidades, entre 2017 e 2019.

No período, Castro ocupou os cargos de vereador e vice-governador do estado. Os pagamentos somados chegam a R$ 326 mil e US$ 20 mil.

Castro nega as acusações, que classifica como "infundadas, velhas e requentadas" (veja o que mais diz o governador na nota no fim da reportagem).

A investigação da PF foi citada na decisão do ministro Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sobre a autorização de mandados de busca na casa de Vinícius Sarciá, irmão de criação do governador do Rio de Janeiro.

"Há indícios suficientes da prática de crimes, cuja dinâmica envolve a atuação de Cláudio Castro como o agente político apoiando a atuação ilícita das pessoas jurídicas comandadas por Flávio Chadud e Marcus Vinícius Azevedo da Silva, na execução de contratos públicos", escreveu o ministro do STJ.
O ministro destacou ainda que Castro recebeu propina em dinheiro vivo em casa, no estacionamento de um shopping, na casa de um assessor e na sede de uma empresa com contratos com o Estado. Segundo o relatório, Castro também sacou propina nos Estados Unidos, durante uma viagem à Disney, depois que o suposto suborno foi depositado pelo empresário na conta bancária do atual governador no Brasil, segundo a PF.

Mensagens suspeitas

A Globonews teve acesso ao conteúdo da decisão do STJ, que revela as trocas de mensagens em que, segundo a polícia, Castro combina com dois empresários acusados de corrupção a entrega das propinas. Alguns desses trechos foram reproduzidos pelo ministro Raul Araújo na decisão.

Em uma dessas ocasiões, em 2019, quando Castro já era vice-governador, a decisão cita o empresário Marcus Vinícius Azevedo da SIlva, preso em julho de 2019, acusado de participar de um esquema de corrupção na Fundação Leão XIII, órgão do governo responsável por projetos de assistência social.

De acordo com o relatório, em conversa com um operador financeiro, Marcus Vinícius diz: "Preciso de R$ 80 mil pro fim do dia de amanhã". O operador responde: "Tenho 80 no cofre, se você quiser consigo te entregar isso hoje ainda".

Nas conversas, segundo o documento, Marcus Vinícius marca um encontro com Cláudio Castro para o dia seguinte: "Assim que sair da vice-governadoria", diz o empresário. Na noite seguinte, Castro avisa para Marcus: "Saindo do palácio agora".

Com informações do G1