Cobrados por Bolsonaro, médicos renomados admitem uso e receita com cloroquina

08 de Abril 2020 - 11h14
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Questionado pelo presidente Jair Bolsonaro por meio do Twitter, o cardiologista Roberto Kalil Filho, do hospital Sírio-Libanês, admite que tomou cloroquina para se salvar de Covid-19. Ele ainda defendeu que a droga seja ministrada em pacientes que estão hospitalizados.

"Tomei a cloroquina com corticóide, antibiótico. Ela é um anti-inflamatório. Se há uma chance de que o paciente melhore, se pode salvar vidas, tem que ser ministrada", diz ele.

Kalil afirma que já tratou vários pacientes com cloroquina. O médico diz que é preciso esperar o resultado de estudos científicos feitos por instituições sérias como a Fiocruz para saber se a droga efetivamente funciona.

"Eles vão dar a resposta definitiva. Mas, se existe alguma chance, temos que começar a usá-la já", diz. Ele conta que na semana passada estava tão mal que quase foi entubado e levado à UTI.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (08) que “2 renomados médicos” se recusam a divulgar que fizeram tratamento com cloroquina para se recuperarem da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. De acordo com o presidente, os profissionais não divulgam as informações por “questões políticas”.

O outro médico citado indiretamente na postagem de Bolsonaro é David Uip, chefe do Centro de Contingência contra a doença em SP. Ele é recém recuperado da infecção.

Nesta quarta-feira vazou nas redes sociais a imagem de uma receita médica prescrevendo difosfato de cloroquina atribuída ao médico David Uip. O próprio médico confirmou que a receita é real. Apesar de falar da veracidade da receita, ele não menciona na entrevista que tomou o medicamento.

"A receita é da minha clínica. Ela é real. Algum lugar vazou de forma incorreta. O que nada me preocupa. Eu nao tenho nada contra o uso de cloroquina. Pelo contrário, eu uso nos meus pacientes internados. O que está se fazendo confusão é a respeito do meu tratamento pessoal. O meu tratamento, o que eu deveria fazer do ponto de vista de preocupação eu fiz, nos meus primeiros sintomas eu fiz exame. Eu vim a público e assim que percebi que estava complicando, eu vim a público, mas divulgar a receita individual de qualquer paciente eu entendo que não é correto. A transparência como homem público é dizer tudo que eu tenho. Divulgar um tratamento para propagação ou não de medicamentos eu acho incorreto", disse.

"Essa receita é d e 13 de março e meu diagnóstico é 23 de março. Temos 12 médicos e 9 infectologistas, todos que trabalham com infecção. Todos muito envolvidos na linha de frente no tratamento de coronavírus. Na clínica tomamos decisão de comprar diversos medicamentos, entre eles, a cloroquina. Ela não foi comprada em farmácia, foi uma cloroquina manipulada, isso é uma farmácia de manipulação e à disposição de uma clínica que está na linha de frente no tratamento de pacientes. Foi vazado de forma irregular", completou.