Do tamanho de um melão: meteorito raro de 7,7 quilos é descoberto na Antártica

25 de Janeiro 2023 - 10h02
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Durante uma recente excursão às planícies geladas da Antártica, uma equipe internacional de pesquisadores descobriu cinco novos meteoritos, entre eles um dos maiores já encontrados no continente.

O raro meteorito tem aproximadamente o tamanho de um melão, mas pesa 7,7 quilos. O espécime é um dos apenas cerca de 100 desse tamanho ou maiores descobertos na Antártica, um local privilegiado para a caça de meteoritos, onde mais de 45 mil rochas espaciais foram rastreadas.

Agora, o achado excepcional segue para o Instituto Real Belga de Ciências Naturais, em Bruxelas, onde será estudado. E Maria Valdes, pesquisadora do Field Museum of Natural History de Chicago e da Universidade de Chicago, que fazia parte da equipe da expedição, guardou parte do material para sua própria análise.

A área de foco de Valdes é a cosmoquímica. Isso “significa amplamente que usamos meteoritos para estudar a origem e a evolução do sistema solar por meio de métodos químicos”, disse ela à CNN. Ela coletará suas amostras e usará ácidos fortes para dissolvê-las antes de passar por um processo chamado química calibrada para isolar vários elementos que compõem a rocha.

“Então posso começar a pensar sobre a origem dessa rocha: como ela evoluiu ao longo do tempo, de que tipo de corpo-mãe veio e onde no sistema solar esse corpo-mãe se formou”, disse Valdes. “Essas são as grandes questões que tentamos abordar.”

Na caçada
Os meteoritos atingem a Terra uniformemente em sua superfície, então a Antártica não abriga uma concentração desproporcionalmente grande deles, observou Valdes. Mas o gelo branco puro é um cenário ideal para avistar as rochas negras.

Caçar meteoritos é “realmente de baixa tecnologia e menos complicado do que as pessoas possam pensar”, disse Valdes. “Andamos ou dirigimos um carrinho de neve, olhando para a superfície.”

Mas a equipe tinha uma ideia de onde procurar. Um estudo de janeiro de 2022 usou dados de satélite para ajudar a ser mais preciso dos locais onde os meteoritos eram mais prováveis de serem encontrados.

“Os próprios meteoritos são muito pequenos para serem detectados do espaço com satélites”, explicou Valdes. “Mas este estudo usou medições de satélite da temperatura da superfície, inclinação da superfície, velocidade da superfície, espessura do gelo – coisas assim. E conectou [os dados] a um algoritmo de máquina de aprendizado para nos dizer onde estão as maiores probabilidades de encontrar zonas de acumulação de meteoritos.”

Distinguir um meteorito de outras rochas pode ser um processo complicado, disse Valdes. Os pesquisadores procuram a crosta de fusão, um revestimento vítreo que se forma à medida que o objeto cósmico despenca na atmosfera da Terra.

“Muitas rochas podem parecer meteoritos, mas não são”, disse ela. “Chamamos essas meteoros errados”.

Outra característica distintiva é o peso potencial do espécime. Um meteorito será muito mais pesado para seu tamanho do que uma rocha típica da Terra porque está repleto de metais densos.

As condições pelas quais os pesquisadores passaram foram extenuantes. Embora Valdes e três outros cientistas tenham realizado sua missão durante o “verão” do continente, que oferecia 24 horas de luz do dia, as temperaturas ainda giravam em torno de -10 graus Celsius, de acordo com um comunicado de imprensa do Field Museum.

A equipe de pesquisa passou cerca de uma semana e meia com um guia de campo polar, morando em tendas armadas no terreno gelado. No entanto, Valdes disse que ela e seus colegas também passaram um tempo em uma estação de pesquisa belga perto da costa da Antártida, onde desfrutaram de comidas quentes e com queijo, como fondue.

Quando se trata de pesquisas futuras, a boa notícia, acrescentou Valdes, é que os cinco meteoritos que ela e seus colegas descobriram nesta expedição são apenas a ponta do iceberg.

“Estou ansiosa para voltar lá, com certeza”, disse ela. “Pelo estudo do satélite, há pelo menos 300 mil meteoritos esperando para serem coletados ainda na Antártida. E quanto maior [o número de] amostras que temos, melhor podemos entender nosso sistema solar.”

A excursão foi conduzida por Vinciane Debaille, professora da Université Libre de Bruxelles, em Bruxelas. Ela e Valdes foram acompanhados por Maria Schönbächler, professora da Eidgenössische Technische Hochschule Zurich, e pelo estudante de doutorado Ryoga Maeda, da Vrije Universiteit Brussel e da Université Libre de Bruxelles.

Com informações da CNN Brasil