Dois réus acusados de movimentar R$ 1 bilhão do PCC são absolvidos

27 de Janeiro 2022 - 11h43
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A Justiça de São Paulo absolveu os presos Patric Velinton Salomão, 41, o ‘Forjado’, e Wagner Rodrigo dos Santos, 43, o ‘Branquinho’, das acusações de associação à organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Ambos foram denunciados pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), junto com outros 18 réus, por integrar o PCC e por ocultar a movimentação de R$ 1 bilhão da facção criminosa no período de janeiro de 2018 a julho de 2019.

Os processos envolvendo os demais réus foram desmembrados e continuam tramitando em fase final. Os nomes dos acusados aparecem no novo organograma do PCC divulgado no dia 14 de setembro de 2020, quando o MP-SP deflagrou a operação Sharks.

O nome da operação é em alusão ao apelido de Robson Sampaio de Lima, 31, o Tubarão, preso em 8 de agosto de 2018 na região de Itaquera, zona leste de São Paulo. Com ele policiais militares apreenderam aparelhos de telefone celular e notebook.

De acordo com investigações do Gaeco, no notebook apreendido com Tubarão havia planilhas contendo a movimentação bilionária do PCC com o tráfico de drogas e também os apelidos dos réus denunciados à Justiça.

A denúncia diz que, mesmo preso, Patric fazia diversas remessas de valores para os cofres do PCC, que eram contabilizados pelo setor financeiro da facção criminosa com entradas em nome de RB, que seria um dos apelidos dele.

O juiz da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, Thiago Baldani Gomes De Filippo, entendeu que não há no processo elementos seguros para imputar a responsabilidade penal ao réu.

De acordo com o magistrado, a única prova material que poderia vincular Patric aos crimes seria uma carta supostamente escrita por ele, na qual o réu se identificaria como RB, para passar determinações aos comparsas em liberdade.

Na sentença de absolvição, o juiz mencionou que a perícia apurou que a grafia não partiu do punho de Patric e que por isso é nebulosa a origem da atribuição do apelido RB ao acusado, não havendo, portanto, provas seguras desse fato.

O réu ‘Branquinho’ foi acusado de ter movimentado, quando estava preso, R$ 7,8 milhões para o setor financeiro do PCC com a venda de drogas na Baixada Santista. Nas planilhas, ele aparece também com os apelidos de Peixeiro, França e PX.

No entendimento do magistrado, há razoável dúvida acerca de autoria de Wagner nos crimes. O juiz se baseou em um levantamento realizado pela Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo), feito pela empresa a pedido dos defensores do réu.

A Prodesp apurou que há 244 registros de criminosos com apelido de Peixeiro; 225 de França e 299 de Branquinho. O juiz observou que Wagner está preso desde fevereiro de 2019 e que não há provas de como teria feito ecoar suas ordens de dentro do cárcere, “seja por interposta pessoa ou seja pela ilegalidade, através de telefone celular”.

O juiz expediu alvarás de soltura para os dois presos. Wagner estava recolhido na Penitenciária 1 de Avaré (SP). Patric cumpre pena na Penitenciária Federal de Brasília. Ambos, no entanto, respondem a outros processos.

Fonte: Terra Brasil Notícias