
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou 2025 apostando que este seria o “ano da colheita”, com os frutos de sua gestão começando a aparecer. No entanto, seis meses depois, colheu impopularidade, crises de comunicação e conflitos no Congresso. Pesquisa PoderData, realizada no início de junho, mostra que 56% dos brasileiros desaprovam o governo — a maior rejeição desde o início do mandato. A aprovação caiu de 41% para 39%.
Com as eleições de 2026 se aproximando, Lula tenta reorganizar a base e recuperar fôlego. A troca do comando da Secom, feita em janeiro para melhorar a comunicação institucional, não surtiu efeito. Gafes do presidente e reveses estratégicos marcaram o primeiro semestre e contribuíram para o desgaste.
Pixgate
A crise começou logo em janeiro, quando a Receita Federal anunciou o monitoramento de transações via Pix acima de R$ 5 mil. Apesar de alegar que a medida visava coibir sonegação, a proposta foi mal compreendida e virou alvo de desinformação nas redes sociais. O governo recuou, alegando que a regra poderia ser explorada por “criminosos”.
Fraudes no INSS
Em abril, a Polícia Federal deflagrou operação que revelou um esquema bilionário de descontos indevidos em benefícios do INSS. Lula tentou responsabilizar a gestão Bolsonaro, mas a oposição reagiu e protocolou pedido de CPMI com mais de 250 assinaturas. O Planalto tenta adiar a instalação da comissão para evitar novo desgaste, especialmente antes de começar a indenizar os prejudicados.
Aumento do IOF
Mais recentemente, o governo anunciou o aumento do IOF sobre operações de crédito, com previsão de arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025. A reação no Congresso foi imediata. Sob pressão, o Planalto recuou parcialmente. Mesmo assim, líderes da Câmara articulam a votação de um projeto que derruba o decreto, o que representaria nova derrota para o governo.
Para o analista Arcênio Rodrigues, a crise de popularidade de Lula é estrutural:
“Há um esvaziamento de liderança. Lula não mobiliza nem dita mais o ritmo do debate nacional. O carisma deu lugar a um governo sem rumo, com alianças frágeis e entregas tímidas.”
Com dificuldades de articulação política, críticas crescentes da sociedade e uma base instável no Congresso, o que era para ser um ano de vitórias pode terminar como um dos períodos mais desafiadores do atual mandato petista.