Em entrevista, Eduardo Bolsonaro ataca urnas e compara Brasil com ditaduras

02 de Março 2024 - 15h26
Créditos: Reprodução Youtube


Em entrevista ao apresentador conservador norte-americano Tucker Carlson, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro se tornou inelegível por ter criticado o sistema eleitoral brasileiro.

Bolsonaro foi declarado inelegível em dois processos, um por abuso de poder político e uso abusivo dos meios de comunicação, e outro por abuso de poder político e econômico.

"Uma das razões pelas quais meu pai se tornou inelegível foi porque ele teve uma reunião. (...) Foi considerado inelegível por ter reunião com embaixadores onde discutiu o sistema eleitoral no Brasil, suas funções e criticou pontos."

Em outro processo, o ex-presidente foi declarado inelegível junto com seu candidato a vice na chapa à reeleição, Walter Braga Netto. O TSE também reconheceu a prática de conduta vedada a agente público e determinou o pagamento de multa aos dois (leia aqui). Para os ministros, Bolsonaro e Braga Netto usaram a data comemorativa como ato de caráter eleitoreiro, utilizando-se da estrutura da Presidência da República para isso.

O deputado federal também levantou suspeitas sobre a lisura das eleições de 2022 no Brasil, e disse que as urnas eletrônicas não permitem recontagem de votos, o que não é verdade.

"Não posso acusar que as eleições foram fraudadas, mas eles também não podem provar que não foram", disse.

"Se usam máquinas para votar sem ter uma forma de ao menos recontar os votos, devemos confiar 100% no sistema. Então, eles não permitem mais transparência na eleições."

Observadores internacionais da OEA (Organização dos Estados Americanos) que acompanharam as eleições no Brasil, emitiram parecer em que constataram a segurança e eficiência das urnas eletrônicas e reconheceram a vitória do presidente Lula no pleito de 2022 (leia aqui). Em auditoria finalizada em dezembro do ano passado, o TCU também confirmou a lisura do processo eleitoral e das urnas eletrônica (veja aqui). O TCU checou 9 milhões de informações de 4.577 boletins de urna físicos e comparou com os dados de totalização de votos disponibilizados pelo TSE.

Ao contrário do que afirma o parlamentar, é possível conferir os votos de cada urna eletrônica a partir do Boletim de Urna (BU), que é impresso ao final da votação (leia aqui). É possível compará-lo com as informações disponibilizadas pelo TSE, exatamente como fez o TCU durante a auditoria (veja aqui).

Durante a entrevista, ele sugeriu que há perseguição a jornalistas no país, citando Rodrigo Constantino, Paulo Figueiredo e Allan dos Santos. Os três estão nos EUA e são investigados por disseminação de fake news e por incitar ataques antidemocráticos.

Allan dos Santos está foragido nos EUA. Contra ele, há um mandado de prisão preventiva e uma ordem de extradição. Por decisão do STF, ele é proibido de ter acesso a redes sociais, mas o blogueiro burla a determinação de forma recorrente (leia aqui e aqui).

Rodrigo Constantino também teve suas redes sociais suspensas por determinação do STF. Ele é ex-comentarista da Jovem Pan. Foi demitido da emissora em janeiro de 2023 depois que o MPF abriu um inquérito para investigar a divulgação de fake news e a incitação a atos antidemocráticos (leia aqui, aqui e aqui).

Já Paulo Figueiredo, neto de João Batista Figueiredo, último presidente da ditadura militar, é investigado por atuar em propagação de desinformação golpista e antidemocrática. Ele é ex-comentarista da Jovem Pan. Segundo a PF, Figueiredo fazia parte de um núcleo responsável por incitar militares a aderirem a um golpe de Estado. As suspeitas dizem respeito a participações dele em programas televisivos e nas redes sociais.

Com informações de UOL