Entidade adulterou documentos para lesar aposentados, diz testemunha

16 de Maio 2025 - 12h06
Créditos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasilia

 


O empresário Bruno Deitos, testemunha no caso das fraudes do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), disse na quinta-feira (15) que a Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais) adulterou documentos para tirar dinheiro de aposentados.

A denúncia foi feita à Polícia Civil em 2021 e revelada em reportagem do Jornal Nacional. A Conafer foi a entidade que teve o maior aumento nos valores em descontos por benefícios. O montante passou de R$ 400 mil por ano em 2019 para R$ 57 milhões em 2020 e R$ 202 milhões em 2023, conforme dados da CGU (Controladoria Geral da União).

No depoimento, Deitos relatou que sua empresa, a Premier Recursos Humanos, foi contratada para atualizar cadastros de associados por uma empresa terceirizada, a Target Pesquisas de Mercado.

Os promotores da Premier deveriam ir até às residências de associados para recolher assinaturas em formulários de exclusão nos descontos de mensalidade e associação, além de relatar ausência ou mudança de endereço.

O dono da Target teria dito a Deitos que o mais interessante era o quadro de assinaturas. Ele, então, contratou uma empresa especializada em alterar documentos em formato PDF que transformavam formulários de exclusão nos descontos em contratos de adesão.

Deitos relatou à polícia que sua empresa nunca recebeu o pagamento pelo serviço prestado e, ao cobrar, foi ameaçado por Tiago Ferreira Lopes, irmão do presidente da Conafer, Carlos Ferreira Lopes.

Tiago havia sido condenado por improbidade administrativa, com enriquecimento ilícito e dano ao patrimônio público. Deitos relatou ter sofrido mais ameaças e que Carlos disse ter “domínio sobre os diretores do INSS”.

“O presidente da Conafer comentou em uma reunião que tinha domínio sobre os diretores do INSS, mas não especificou quais diretores seriam; que o domínio que o presidente da Conafer mencionou seria repasse de vantagens financeiras para tais diretores, a fim de alterar dados do sistema do INSS, bem como fornecer informações relativas a aposentados e pensionistas”, disse a testemunha, em depoimento.

Fonte: Poder 360