Esterco de 19 mil bois do Brasil infesta o ar de cidade da África do Sul

22 de Fevereiro 2024 - 09h26
Créditos: Conselho Nacional de Sociedades para a Prevenção da Crueldade contra Animais

A passagem de um navio com 19 mil bois exportados vivos do Brasil para o Iraque levou um "fedor inimaginável" para a Cidade do Cabo, uma das capitais da África do Sul, onde a embarcação fez uma parada de abastecimento, conforme registrado pelo jornal inglês The Guardian.

O Conselho Nacional de Sociedades para a Prevenção da Crueldade contra Animais, organização sul-africana de proteção aos animais, subiu a bordo e encontrou bois doentes e mortos na embarcação, classificando o cenário encontrado como "abominável".

Registros públicos de navegação e postagens em redes sociais indicam que a carga viva é brasileira, proveniente do Rio Grande do Sul, e está sendo levada para o Iraque. Os animais estavam saudáveis antes do embarque. Existe um procedimento padrão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que só deixa a carga zarpar as condições sanitárias do Brasil e do país importador forem atendidas.

Segundo dados do portal Vessel Finder, que oferece consulta pública e em tempo real à posição e rotas de navios, o Al Kuwait saiu do Porto de Rio Grande, no sul do Brasil, no dia 10 de fevereiro.

Neste mesmo dia, Vinícius Reiter Pilz, sócio da empresa Estancia del Sur, postou um vídeo do navio no linkedin e escreveu: "na última semana, carregamos 100% do Al Kuwait, o mais moderno e um dos maiores navios boiadeiros do mundo". "Todos os suprimentos do navio foram vendidos pela Estancia del Sur", completou. Fontes locais confirmaram à Repórter Brasil que a carga era proveniente desse produtor.

A Estância Del Sur tem sede em Capão do Leão, na região sul do Rio Grande do Sul. Em sua página do Instagram, é possível encontrar imagens de embarques anteriores de carga viva, além de frequentes anúncios de interesse em compras de "terneiros padrão exportação".

O navio Al Kuwait seguiu para seu destino final no Iraque, na madrugada de quarta-feira (21). Segundo a plataforma Marine Traffic, que também fornece dados em tempo real dos navios, são pelo menos mais 13 dias de viagem até o porto de Umm Qasr, no Iraque, onde finalmente serão encaminhados para o abate.

"Cada boi produz em média 30 quilos de esterco por dia, mas sem ter como descartá-los, os animais têm que conviver com fezes e amônia, uma substância tóxica presente na urina", explica Sturaro. Segundo ele, as principais causas de morte ao longo das viagens são infecções respiratórias e estresse térmico.

Para Sturaro, as péssimas condições são inerentes a essa modalidade de exportação: "É um curral flutuante, não tem como assegurar o bem-estar animal", avalia. Segundo registros fotográficos obtidos pela Mercy for Animals, os animais estavam amontoados em meio a fezes e urina.

Com informações de UOL