Ex-jogador da seleção brasileira diz que já foi treinar bêbado no Real Madrid: "Café para tirar o bafo"

19 de Junho 2022 - 08h13
Créditos:

Desde os 13 anos, o álcool fez parte da rotina de Cicinho. Hoje, aos 41, ele fala abertamente sobre a relação com a bebida.

A história de Cicinho está retratada no sexto e último episódio da série "Ressaca", produzida pela EPTV, afiliada TV Globo, e que aborda os efeitos sociais e no corpo humano do alcoolismo. 

Sem beber há quase dez anos, o ex-lateral-direito, com trajetória vitoriosa no São Paulo, além de uma Copa do Mundo pela Seleção, conta que chegou a ir treinar bêbado no Real Madrid, onde atuou entre 2006 e 2007 ao lado dos "Galáticos" Ronaldo, Zidane, Beckham, Figo e Roberto Carlos.

- Se você me perguntar se eu já fui treinar bêbado no Real: já. E tomava café para tirar o bafo, banho de perfume. Falando na minha profissão, como ex-atleta profissional de futebol, era fácil, não precisava de dinheiro para conseguir (bebida). As pessoas tinham prazer em te dar em restaurante, tudo.

Cicinho também lembra como começou a relação com a bebida:

- Aos 13 anos de idade, quando eu provei álcool pela primeira vez, eu nunca mais parei. Morava no interior, em Pradópolis, perto de Ribeirão Preto, e aos finais de semana a gente reunia os amigos e costumava sair nas praças, para as discotecas. Aí tinha um barzinho perto, por ser menor tentava esconder, pedia para quem era de maior comprar e ficava bebendo escondido dos pais, da polícia.

Revelado pelo Botafogo-SP, em 1999, Cicinho passou pelo Atlético-MG antes de explodir no São Paulo, onde foi campeão da Libertadores e do Mundial em 2005. Foi para o Real Madrid na sequência e esteve no grupo da Seleção na Copa do Mundo da Alemanha, em 2006.

Mas ele foi do ápice para o fundo do poço. Quando sofreu uma segunda lesão grave no joelho, rompendo os ligamentos, ele admite que se entregou ao vício. Na oportunidade, vestia a camisa da Roma.

- Começava a beber depois do treinamento. Eu fazia o trabalho de fisioterapia, voltava para casa umas 14h, 14h30 e só parava de beber 4h (da manhã). Cada vez que eu chegava embriagado na Roma, os dirigentes viam e isso fazia com que eu caísse em descrédito.

A situação fez com que a família buscasse a Justiça com pedido de interdição:

- Meu pai e minha irmã cuidavam dos meus bens, e eles tentaram entrar com pedido de intervenção dos meus bens. Eu não tinha condições de administrar o que eu tinha.

Ao olhar para trás, Cicinho reflete sobre que passou e tenta recuperar o tempo perdido com aqueles que ama.

- O álcool coloca você cercado de pessoas que gostam daquele estilo de vida, e as pessoas que te amam verdadeiramente são excluídas, pois, quando te colocam contra a parede, falando que sua vida não está legal, você não quer ouvir.

- Eu tenho um filho de 15 anos e direto peço perdão para ele. Ele tinha dois anos, nem entendia direito, mas na minha mente ficou gravado.

Fonte: Globoesporte.com