Ex-prefeito ficha-suja elege filha e ganha secretaria

12 de Janeiro 2025 - 10h24
Créditos: Reprodução/Instagram

Após ter a candidatura barrada nas eleições de 2024, o ex-prefeito de Birigui (SP) Wilson Borini (União Brasil) conseguiu eleger a filha como prefeita e acabou ganhando um cargo estratégico no gabinete municipal.

Samanta Borini (PSD), 41, estreou nas eleições em 2024 e foi candidata no lugar do pai. O ex-prefeito chegou a registrar o nome, mas o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) o vetou. Wilson Borini tem 74 anos e foi prefeito de Birigui entre 2005 e 2012.

Filha emplacou o pai como secretário de Governo, cargo político estratégico na prefeitura. Na posição, Borini vai coordenar ações entre as secretarias e fazer a relação institucional do Executivo com o Legislativo e outros setores, por exemplo.

A prefeita e o vice, Marcelo Parizati (PSD), escolheram ao menos sete parentes para o secretariado. Em dezembro de 2024, secretários municipais recebiam salários de R$ 6,6 mil. Ou seja, os cofres públicos vão pagar um total de R$ 46,2 mil para os familiares da chapa eleita. Procurada por telefone e por email, a prefeitura não respondeu ao questionamentos do UOL sobre as nomeações.

Em 2015, o TRE-SP condenou o ex-prefeito por crime eleitoral (compra de votos). Segundo o processo, durante as eleições de 2012, Borini e outros dois investigados prometeram, a candidatos a vereador, um pagamento de R$ 50 a cada eleitor angariado e mais R$ 70, caso elegessem o prefeito.

O tribunal aplicou uma pena privativa de liberdade de 1 ano, 11 meses e 10 dias, em regime aberto, a Borini. A condenação foi substituída por prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período.

A Lei de Inelegibilidade prevê que condenados por crime eleitoral, com pena privativa de liberdade, estão inelegíveis por oito anos. A sanção começa a ser contada após o cumprimento da pena. As regras foram incluídas na legislação pela Lei da Ficha Limpa, de 2010.

A pena de Wilson Borini foi declarada cumprida em 10 de abril de 2018. Os oito anos de inelegibilidade passaram, então, a ser contados. O prazo terminará em 10 de abril de 2026, o que o tornou inelegível para as eleições de 2024.

O Congresso Nacional tenta afrouxar esta lei. Um projeto da deputada federal Dani Cunha (União-RJ) pretende, por exemplo, mudar a contagem de início da inelegibilidade. O texto prevê que o prazo de oito anos começaria a partir da condenação e não mais depois do cumprimento da pena.

Wilson Borini usou o projeto como argumento para liberar sua candidatura junto ao TRE-SP. A corte, contudo, rejeitou a alegação. A proposta ainda não entrou em vigor. Foi aprovada na Câmara e está sob análise do Senado, que chegou a incluir o texto na pauta do plenário em outubro, mas adiou a votação.

Com informações do UOL

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