Facebook derruba páginas políticas; ação atingiu perfis de aliados de Bolsonaro

09 de julho 2020 - 06h38
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O Facebook anunciou nesta quarta-feira (8) a remoção de contas e páginas relacionadas a assessores da família Bolsonaro. Segundo comunicado divulgado pela rede social, as investigações envolvem "comportamento inautêntico coordenado no Brasil a partir de notícias na imprensa e referências durante audiência no Congresso". 

Isso, segundo a rede social, quer dizer que "grupos de páginas ou pessoas atuam juntas para enganar os outros sobre quem eles são ou sobre o que estão fazendo". Isso pode ser feito por motivos políticos, ideológicos ou comerciais. De acordo com a empresa, as postagens não precisam ser necessariamente falsas.

Ainda segundo o comunicado, as investigações encontraram ligações de pessoas associadas ao PSL e a "alguns funcionários nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro".

A ação do Facebook contra o "comportamento inautêntico coordenado" também atingiu outras contas nos EUA, Canadá, Ucrânia e Equador. Trata-se de uma reação da rede social à perda de anunciantes, que têm pressionado o Facebook a tomar medidas concretas para impedir o avanço do que consideram como discursos que incentivam o ódio e a desinformação. 

Procurado, o PSL disse que "não é verdadeira a informação de que sejam contas relacionadas a assessores do PSL, e sim de assessores parlamentares dos respectivos gabinetes, sob responsabilidade direta de cada parlamentar, não havendo qualquer relação com o partido."

Ainda segundo o partido, "os políticos citados, na prática, já se afastaram do PSL há alguns meses com a intenção de criar um outro partido, inclusive, tendo muitos deles sido suspensos por infidelidade partidária. Ainda, tem sido o próprio PSL um dos principais alvos de fake news proferidos por este grupo."

O deputado estadual Anderson Moraes (PSL-RJ) afirmou que a medida do Facebook é um "atentado à liberdade de expressão" e que vai processar a rede. O deputado diz ainda que diversos funcionários de se gabinete tiveram páginas derrubadas e que eles não faziam nenhuma atividade ilegal; apenas disseminavam a sua ideologia.

Em nota, o senador Flávio Bolsonaro disse que "o governo Bolsonaro foi eleito com forte apoio popular nas ruas e nas redes sociais e, por isso, é possível encontrar milhares de perfis de apoio. Até onde se sabe, todos eles são livres e independentes."

Ainda segundo o senador, "pelo relatório do Facebook, é impossível avaliar que tipo de perfil foi banido e se a plataforma ultrapassou ou não os limites da censura. Julgamentos que não permitem o contraditório e a ampla defesa não condizem com a nossa democracia, são armas que podem destruir reputações e vidas."

Em nota, a deputada estadual Alana Passos (PSL-RJ) disse não ter sido notificada pelo Facebook sobre eventuais irregularidade em sua atividade na rede social, e que não pode responder pelo conteúdo publicado por pessoas que trabalharam em seu gabinete. 

"Em nenhum momento foi notificada pelo Facebook sobre qualquer irregularidade ou violação de regras de minhas contas, que são verificadas e uso para divulgar minha atuação como parlamentar e posições políticas. Quanto a perfis de pessoas que trabalharam no meu gabinete, não posso responder pelo conteúdo publicado. Nenhum funcionário teve a rede bloqueada por qualquer suposta irregularidade. Estou à disposição para prestar qualquer esclarecimento, pois nunca orientei sobre criação de perfil falso e nunca incentivei a disseminação de discursos de ódio", disse a deputada estadual.

CNN