Governo libera bilhões em emendas, mas não consegue acalmar o centrão

26 de Abril 2024 - 06h44
Créditos: Reprodução CNN

 

Neste ano, o governo Lula empenhou R$ 8,3 bilhões em emendas individuais até quarta-feira (24), praticamente tudo no mês de abril. Até março, só R$ 75,7 milhões haviam sido empenhados. Os recursos fizeram a agenda econômica de Fernando Haddad voltar a ser prioridade, mas o centrão ainda ameaça impor derrotas à gestão petista de olho em mais emendas.

Centrão foi o mais agraciado. Os parlamentares mais beneficiados são do PP, União Brasil, PSD, MDB, PDT e PT. Quem recebeu os maiores valores foram:

Senador Eduardo Braga (MDB-AM) - R$ 67,1 milhões;

Senadora licenciada Augusta Brito (PT-CE) - R$ 37,1 milhões;

Senador Ciro Nogueira (PP-PI) - R$ 35 milhões;

Senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) - R$ 34,8 milhões;

Senador Angelo Coronel (PSD-BA) - R$ 34,8 milhões;

Deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) - R$ 34,7 milhões;

Senador Marcelo Castro (MDB-PI) - R$ 34,6 milhões;

Senador Weverton (PDT- MA) - R$ 34,1 milhões

O empenho de R$ 8,3 bilhões significa que o governo reservou esse montante para pagar emendas de deputados e senadores. A expectativa é que os recursos sejam efetivamente desembolsados até junho, o que permite que a verba seja usada por aliados dos parlamentares na campanha eleitoral municipal.

95,2% da verba vai para a saúde, ou seja, R$ 7,9 bilhões. A ministra da pasta, Nísia Trindade, é bastante criticada por parlamentares por represar emendas.

A liberação das emendas representa uma vitória do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre seu desafeto pessoal Alexandre Padilha. Reportagem do UOL mostrou que o ministro das Relações Institucionais controla o orçamento da Saúde. Seis das oito secretarias do Ministério da Saúde são influenciadas por ele. Mas Lira domina o centrão e, portanto, para onde vai esse dinheiro liberado agora.

Coincidência ou não, o empenho bilionário de emendas ocorre no momento em que há uma mudança no comportamento de Lira. Na semana passada, o presidente da Câmara acenou com uma pauta contrária ao governo no Congresso: PEC das Drogas, criminalização do MST e derrubada do veto de Lula ao projeto das "saidinhas" dos presos.

Nesta semana, a mesma em que as emendas foram empenhadas, Lira voltou a dar mais importância à reforma tributária, de interesse do governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), participou de uma reunião com os líderes partidários e ficou acertado que a agenda econômica será priorizada.

Também houve afagos políticos a Lira. Ele foi recebido por Lula para uma conversa no domingo. Dialogar diretamente com Lula é uma das reivindicações do presidente da Câmara. Haddad foi pessoalmente entregar o texto e fez elogios ao alagoano na entrega da regulamentação da reforma tributária.

Com informações de UOL