Grande acervo de matrizes de gravura popular será doado ao Museu Câmara Cascudo

09 de Abril 2019 - 12h49
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Um dos principais acervos do Brasil de matrizes de gravura popular correu o risco de ir para fora do país. A "Coleção Roberto Benjamin" com 204 exemplares despertou o interesse de uma universidade americana, mas graças a uma operação que envolveu a Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura - FUNPEC e o Museu Câmara Cascudo, ela ficará no RN. Doação será oficializada nesta quarta (10), no Gabinete da Reitoria na UFRN.

 

O acervo pertencia ao renomado pesquisador e folclorista pernambucano Roberto Benjamin. Ele faleceu em 2013, mas ainda em vida expressou o desejo que sua preciosa coleção fosse doada a Marcelo Soares, amigo de longa data e famoso xilógrafo popular. Em posse das obras, Marcelo passou a oferecê-las a instituições culturais, despertando o interesse de uma universidade americana, que já havia comprado a rica coleção de 4 mil folhetos de cordel deixada por Roberto Benjamin. Para impedir que mais uma preciosa parte da cultura brasileira fosse para o exterior, a FUNPEC foi mais ágil e comprou a coleção que será doada à UFRN, para integrar o acervo do Museu Câmara Cascudo. No museu, as obras serão cadastradas como “Coleção Roberto Benjamin/FUNPEC de gravura popular”.

 

A coleção é um das mais importantes do gênero no país. Matrizes de gravura que foram utilizadas em ilustrações de jornais, rótulos comerciais, álbuns e, principalmente, de folhetos de cordel, muitos dos quais representados no acervo da Biblioteca Zila Mamede da UFRN. A gravura popular representa uma das mais importantes categorias de arte vernacular brasileira.

 

“Com essa ação, a FUNPEC dará uma contribuição fundamental para a preservação do patrimônio cultural e artístico brasileiro, fazendo com que a UFRN se afirme como um importante centro de conservação, estudo e promoção de uma das principais manifestações artísticas populares nordestinas”, disse Prof. André Maitelli, Diretor da FUNPEC.

 

O Diretor do Museu Câmara Cascudo da UFRN, Everardo Ramos, afirmou que “esse gesto da FUNPEC precisa servir de exemplo para outras pessoas e instituições. Acervos de grandes museus surgiram de doações de pessoas ricas e esclarecidas, que sabiam da importância dessas instituições como guardiões de verdadeiros tesouros, que se tornam acessíveis para toda a sociedade em um museu. Essa prática é quase inexistente no RN, mas isso precisa mudar. Nossos grandes empresários podem deixar seus nomes gravados como grandes mecenas, doando obras e coleções para o Museu Câmara Cascudo, maior museu potiguar”.