Greve faz Toyota antecipar etapa de fechamento da fábrica do Corolla em SP

27 de Abril 2024 - 07h43
Créditos: Divulgação

 

Iniciada no dia 10 de abril para reivindicar melhores condições de um PDV (Programa de Demissões Voluntárias), a greve dos funcionários da fábrica da Toyota em Indaiatuba (SP) causou a paralisação total da produção dos veículos da marca no Brasil - Corolla, Corolla Cross e Yaris.

Além disso, em meio à paralisação, a montadora antecipou o processo que levará ao fechamento da fábrica em 2026, para concentrar toda a montagem de todos os veículos da marca em Sorocaba (SP), município localizado a cerca de 60 km de Indaiatuba.

No fim de semana retrasado, a Toyota retirou, durante a madrugada, equipamentos de Indaiatuba e os levou para Sorocaba. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, a Toyota informou que os processos que produzem peças para Corolla Cross e Yaris que antes eram realizados na planta de Indaiatuba agora passarão a ser realizados na planta de Sorocaba. A manufatura do Corolla sedã também será transferida para lá.

Conforme acordo firmado na Justiça do Trabalho pela Toyota com o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, o início da desmobilização de Indaiatuba deveria acontecer somente a partir de setembro de 2025 para ser concluído em julho de 2026.

A transferência das atividades para Sorocaba foi anunciada em março, juntamente com um ciclo de investimentos de R$ 11 bilhões que prevê a fabricação de dois novos automóveis híbridos flex nessa fábrica e a contratação de aproximadamente 2.000 pessoas até 2030.

A Toyota afirma que não pretende desligar os cerca de 1.470 trabalhadores de Indaiatuba e os planos são de transferi-los para Sorocaba, que hoje tem cerca de 2,8 mil funcionários. Contudo, abriu o PDV para os trabalhadores que não desejarem trocar de cidade.

Sindicato vai à Justiça contra transferência de maquinário

Diante da falta de peças, Sorocaba paralisou suas operações no último dia 16, sem ter retomado até agora os trabalhos.

Como resultado da interrupção, a fábrica de motores de Porto Feliz, também no interior de São Paulo, foi forçada a interromper sua produção. Um efeito em cascata, podemos dizer.

Para impedir a retirada de mais maquinário de Indaiatuba, o sindicato entrou na Justiça e conseguiu decisão favorável em 19 de abril.

A Toyota tentou revogar a medida cautelar, mas a Juíza Alzeni Aparecida de Oliveira Furlan relembrou que a marca havia assumido da transferência gradativa das atividades para a planta de Sorocaba nas datas informadas acima.

No texto, a decisão da Vara de Trabalho de Indaiatuba diz que "a Toyota terá que se abster de "desmontar, retirar ou transferir qualquer máquina, de qualquer um de seu setor ou estabelecimento fabril na cidade de Indaiatuba, mantendo intacto o ambiente laboral, sob pena de multa diária de R$ 500 mil, até reestabelecimento do local de trabalho conforme se verifica atualmente".

A juíza determinou que três representantes sindicais, três da empresa e dois oficiais de Justiça façam um levantamento de inventário dos maquinários da fábrica de Indaiatuba.

No dia 16 de abril, a ampla maioria dos trabalhadores de Indaiatuba aprovou a suspensão da greve por 15 dias. Menos de uma hora depois de terem voltado ao trabalho, a Toyota anunciou licença remunerada para toda a produção.

A greve envolve as negociações PDV entre a corporação e o sindicato local. O PDV pode ser a única saída para quem não deseja trabalhar na fábrica de Sorocaba.

Com informações de UOL