
A primeira-dama, Janja Lula da Silva, disse ter “passado um filme” por sua cabeça quando soube da morte do papa Francisco, na segunda-feira (21). Segundo ela, o pontífice foi fundamental durante o período que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve preso.
Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, publicada na terça-feira (22), Janja lembrou uma troca de cartas entre Lula e Francisco. “O papa falava bastante sobre a prisão política [de Lula]. Não por acaso, a 1ª viagem que meu marido fez ao sair da prisão foi para ir ao encontro do papa”, declarou a primeira-dama.
Lula e Francisco se encontraram pessoalmente diversas vezes. A reunião a que Janja se referiu se deu antes do petista conquistar seu 3º mandato como presidente. Em 13 de fevereiro de 2020 no Vaticano, o petista conversou com o pontífice sobre o meio ambiente e a desigualdade social.
Janja afirmou que Lula enfrentou “momentos de desesperança” na prisão. Ela lembrou da morte, em 2019, de Arthur Araújo Lula da Silva, neto do petista. O menino tinha 7 anos.
“Ele [Lula] estava realmente bastante abalado, e talvez por isso escreveu uma carta ao líder espiritual”, afirmou Janja, emocionada.
“A mensagem do papa Francisco naquela circunstância foi fundamental para ele saber que estava no caminho certo, da busca [pelo reconhecimento] da inocência”, declarou.
“Foi a mensagem de um líder espiritual, para [Lula] saber ‘Deus está contigo’. Eu acho que isso deu muita força para ele. Falar desses momentos da prisão do meu marido, e da morte do Arthur…”, disse, chorando.
Francisco morreu às 2h35 (horário de Brasília) de segunda-feira (21). Janja disse que soube da notícia ao acordar e ver mensagens em seu celular.
“Era feriado, então a gente acordou um pouco mais tarde, umas 7h30, 8h. Eu sempre deixo o meu telefone [no modo] ‘não perturbe’ à noite. E não vejo as mensagens que chegam”, declarou.
“O meu marido se levantou e foi ao banheiro. Eu, ainda na cama, desativei o ‘não perturbe’. E começaram a entrar algumas mensagens do AJO [ajudante de ordens]. Eu achei estranho, né, às 7h da manhã? Vi então também uma mensagem da embaixatriz Luciana, esposa do embaixador [do Brasil em Roma, Renato] Mosca [de Souza]. E na hora eu já pensei: ‘O papa faleceu’. Levantei rápido, avisei o meu marido e já liguei a televisão para ver as notícias”, disse.
“E um filme foi passando na minha cabeça porque, em fevereiro, eu tive um encontro com ele, bastante emocionante, que ocorreu depois que ele tinha saído do hospital”, afirmou.
Janja se encontrou com o papa Francisco em 12 de fevereiro, durante audiência no Vaticano. Na época, ela disse ter agradecido pelas orações pela saúde de Lula e conversado sobre a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, lançada durante a Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro, em 2024.
Depois de assumir a Presidência do Brasil, Lula viajou ao Vaticano em junho de 2023, acompanhado de Janja.
Lula e Francisco voltaram a se encontrar em 14 de junho de 2024, em Borgo Egnazia, na região da Puglia, no sul da Itália. Janja também esteve presente.
À Mônica Bergamo, Janja disse que ela e Lula estavam acompanhando as notícias sobre a saúde do papa.
“Quando, no domingo (20.abr), ele apareceu [na sacada da Basílica de São Pedro] para celebrar a Páscoa, ainda que com muita dificuldade, deu um ânimo vê-lo ali. Ele tinha essa missão ainda a cumprir”, declarou.
Segundo a primeira-dama, Lula passou a segunda pensativo, pois “perdeu um amigo querido” e “um companheiro de caminhada”.
Com informações de Poder 360