
O ex-deputado federal e ex-ministro Henrique Eduardo Alves criticou nesta terça-feira (24), por meio do Twitter, Rodrigo Janot, ex-procurador geral da República. Para Henrique, Janot “não se aposentou da prática de agredir os fatos e a verdade”.
A crítica se deu após trechos do livro de memórias de Rodrigo Janot, que será lançado em duas semanas, terem citado o nome de Henrique e de outros emededebistas.
Segundo reportagem do site da revista Época, Henrique e o ex-presidente Michel Temer teriam pedido a Janot, em março de 2015, para não investigar Eduardo Cunha, então recém-eleito para a Presidência da Câmara.
Janot conta no livro que estava almoçando em sua churrascaria favorita em Brasília quando recebeu um telefonema. Era a secretária da Vice-Presidência. Temer queria vê-lo no Palácio do Jaburu.
Ao chegar ao Jaburu, Janot conta ter sido recebido por Temer e por Henrique Eduardo Alves e levado para uma varanda coberta do palácio.
"Eu chamei o senhor aqui porque quero conversar não com o procurador-geral da República, mas com um brasileiro preocupado com o Brasil, com um patriota", teria dito Temer.
Em seguida, sem meias palavras, Henrique Alves disse a Janot que ele não poderia investigar Cunha:
"Cunha é um louco, pode reagir de forma imprevisível e colocar o Brasil em risco. Confiamos no senhor como brasileiro e como patriota para manter a estabilidade do país", disse Alves, na versão de Janot.
Janot afirma ter se virado para Michel Temer e o questionado:
"O senhor é do Direito, minha área, ele [Henrique Alves] não é. O senhor está entendendo a gravidade do que ele está propondo ao procurador-geral da República?", perguntou Janot.
"Ele está propondo ao patriota Rodrigo Janot. Esse homem é muito perigoso, e a gente não sabe quais as consequências que poderão vir dele. Então apelamos para que o senhor não leve a cabo essa investigação, que a arquive", teria pedido Temer.
Com palavrões, Janot conta no livro ter sido duro com a dupla:
"Olha, vice-presidente, eu acho isso muito complicado. Na verdade, não consigo separar a figura do patriota da figura do procurador-geral. O que os senhores estão me propondo aqui é que eu cometa um crime de prevaricação. Isso eu não farei jamais. E muito me estranha que o vice-presidente da República e o ex-presidente da Câmara dos Deputados venham fazer uma proposta indecorosa dessas ao procurador-geral da República. Estou chocado com a ousadia de vocês. Os senhores são responsáveis por esse homem estar assumindo a Câmara. Os irresponsáveis são vocês. Vocês é que são os não patriotas. Como é que vocês fizeram uma merda dessas?".
HENRIQUE
Em sua postagem no Twitter, Henrique negou que teve essa conversa e acusou Janot de “orquestrar delações para atingir seus objetivos políticos”.
“Hoje, nos primeiros vazamentos dessa publicação para imprensa, é relatado diálogo mentiroso que jamais participei, de momento que não condiz com a História, usando palavras e pleitos que não refletem minha forma de agir, me expressar e muito menos ouvir”, escreveu Henrique ao se defender. E acrescentou: “Seguirei com FÉ que ela prevalecerá”.