Movimentos iniciais para 2022

04 de Abril 2021 - 19h08
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Cronologicamente, observando-se estritamente a passagem do tempo histórico, o ano de 2022 está bem próximo; se o tempo, porém, obedecer à lógica política e eleitoral, ainda está bem distante, como demonstra os primeiros movimentos visando o pleito que se aproxima, com Lula e Bolsonaro destacando-se como figuras de proa, alguns poucos borboleteando e parcela da oposição tentando juntar os cacos para forjar uma aliança coesa, ainda que ideologicamente heterogênea.

Já li que Bolsonaro tentou e fracassou no seu intento radical de carregar o Brasil para um regime de força; também li que togas e baionetas tentaram emparedar o presidente.

A Folha de São Paulo publicou que o manifesto dos presidenciáveis foi articulado e lançado muito rapidamente, entre o fim da tarde e o começo da noite da última quarta-feira, visando preencher ocupar espaços.

Ainda que tenha achado interessante a tentativa de pretensos presidenciáveis de ocupar espaços na cena política, penso, confesso, que o documento saiu mal ajambrado, provavelmente porque a rapidez da ação tenha sido considerada mais importante para os signatários do que o cuidado com as ideias. (https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,doria-ciro-huck-e-mandetta-assinam-manifesto-pela-democracia,70003667017).

A pressa advém da necessidade de se posicionar e reposicionar como alternativa a Bolsonaro, quando perceberam o seu viés de queda. Certamente também se posicionaram em relação Lula, mas a vaga que eles estão disputando no segundo turno não é exatamente à da esquerda (talvez no máximo de um naco da esquerda), mas de um arco que vai da centro-esquerda à centro-direita e, talvez, busquem filar uns votinhos na extrema direita desencantada com a postura tolerante de Bolsonaro com a pauta política moral. Por isso mesmo, os signatários não apontem nome(s) para o Planalto. 

Continuo pensando que Amoedo e Huck estão fora do páreo e que Ciro Gomes é candidato, custe o que custar. Mas há um abismo entre Ciro e os outros cinco quanto às questões econômicas, dado o nacionalismo econômico do cearense nascido em São Paulo. É questão decisiva.

Ciro é provavelmente quem tem mais votos dentre os que puseram a assinatura no documento, mas os outros só o engolem se for a única forma de emplacarem uma vaga no segundo turno. 

É cedo, ainda. Mas não custa prestar atenção e aguardar os movimentos.