Nem medíocres somos

06 de Maio 2024 - 08h31
Créditos: Montagem Internet

O Chanceler de Ferro Otto von Bismarck, responsável pela unificação alemã e depois seu primeiro primeiro-ministro, classificava os povos em três grupos, os inteligentes que aprendem com as experiências alheias, os medíocres que aprendem com suas próprias experiências e os idiotas que nunca aprendem.  

O Brasil repete políticas públicas falidas ao sabor das eleições de A ou B. No momento, o presidente Lula insiste em se intrometer na Petrobras (quis fazê-lo até numa empresa privada, a Vale), estatal na qual o partido do presidente aliado a outros deitou e rolou durante as suas duas gestões anteriores e nas de sua sucessora, o poste Dilma Rousseff. O antecessor de Lula, eleito no rastro do discurso moralista travestido de fala moralizadora, também meteu o bedelho na empresa querendo usá-la para segurar, na marra, o preço dos combustíveis.

Há pelo menos cinco décadas o Brasil sofre com crises econômicas derivadas dos excessos do poder público, gastador ao extremo. Crises cíclicas engolfam o país, a teoria econômica aponta o caminho adequado para evitá-las ou amainá-las, mas insistimos na receita que não dá certo, a saber, pôr o Estado para gastar desbragadamente, como se os recursos fossem infinitos.  O resultado, todos sabemos, inflação, endividamento, recessão e transferência, para as gerações seguintes, do problema.

Recentemente “foi descoberto” um dos pontos da reforma administrativa contrabandeado pelo senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, que quer mimosear magistrados com 5% de gratificação a cada cinco anos de serviço. É isso mesmo, o presidente do Senado, advogado com banca na praça e causas no Supremo Tribunal Federal e outros tribunais, trabalha para presentear com o dinheiro público (ressuscitando o quinquênio) magistrados que vão julgar causas da banca de advocacia dele, sem um único trabalho técnico que demonstre o impacto da medida nas contas públicas. E o homem preside uma das pontas, o Senado Federal, de um dos poderes do Estado, o Legislativo.

Não é que o Brasil não queira aprender, é que não tem capacidade para tal. Pelo menos a nossa história aponta para isso. A Argentina está aí para nos ensinar, mas não somos inteligentes; o Brasil está aí para nos ensinar, mas não somos medíocres. Sobra-nos, pela equação bismarckiana, apenas uma opção.

 

Por Sérgio Trindade