
Recentemente, em razão do surto do coronavírus atingir 19 dos seus 32 atletas inscritos na competição da Libertadores da América, o River Plate/ARG se viu sem goleiro para realizar sua partida com o Santa Fé, tendo de improvisar o volante Enzo Perez, que contribuiu para a histórica vitória (2x1).
No futebol brasileiro, há a emblemática participação do centroavante Gaúcho, no Brasileirão/1988, quando pegou as cobranças de pênaltis de Aldair e Zinho no jogo contra o Flamengo.
Até o maior jogador de futebol de todos os tempos também foi para o gol em mais de uma ocasião, todavia, uma delas foi providencial.
Poucos dias antes do jogo contra o Vasco da Gama, onde aconteceria o milésimo gol de Pelé, o Santos foi jogar um amistoso contra o Botafogo/PB na entrega de faixas do campeão paraibano de 1969. Pelé contabilizava 998 gols na carreira e a Paraíba não queria se valer da conjugação do verbo em sua bandeira para negar a façanha ao Rei do Futebol.
A direção do Santos, por outro lado, não tinha a intenção de que o evento – o milésimo gol - fosse materializado naquela data, então criaram uma situação inusitada. O treinador Lula comunicou que o goleiro Agnaldo estava “doente” e não jogaria. Jair Esteves, o suplente, foi escalado e não tinha substituto.
Durante a partida, Pelé se comportou de forma tímida, flagrantemente longe da área, como que se poupando a não querer confirmar a intenção de cravar o milésimo gol naquele jogo.
O Santos já vencia por 2x0 quando o árbitro pernambucano Armindo Tavares marcou um pênalti do lateral-esquerdo Zezito em Manoel Maria, a favor do Santos. Discussões à parte, o lateral Carlos Alberto, como capitão da equipe, convenceu o “Rei” a cobrar a penalidade. Não teve jeito. Pelé foi lá e marcou o gol 999.
Então, Jair Esteves simulou uma contusão, tendo que deixar o gramado, entrando Luiz Carlos, um atacante, em seu lugar. Pelé vestiu a camisa 1 e foi para o gol, sendo a única oportunidade em que um estádio inteiro vaiou aquele que anos depois seria considerado o Maior Atleta do Século.
Ficha Técnica:
Botafogo-PB 0 x 3 Santos/SP
Data: 14.11.1969;
Estádio Olímpico (José Américo de Almeida – Antigo Dede, no bairro dos Estados) (*)
Árbitro: Armindo Tavares (Federação Pernambucana)
Gols: Manuel Maria aos 15 e 49 minutos e Pelé aos 60 minutos;
SANTOS: Jair Esteves (Luiz Carlos); Carlos Alberto, Ramos Delgado (Joel), Djalma Dias e Rildo (Turcão); Lima (Nenê) e Clodoaldo (Marçal); Manuel Maria, Abel, Pelé e Edu.
BOTAFOGO/PB: Lula; Lucio Mauro, Lando, Fernando e Zezito; Nininho e Valdeci Santana; Chico Matemático (Liminha), Lulu, Lelé (Vizeu) e Pibo.
(*) Não confundir com o Estádio José Américo de Almeida (Almeidão), inaugurado em 1975.
Créditos de informações e imagens para criação do texto: Goleiros: heróis e anti-heróis da camisa 1 (Paulo Guilherme); Jornal do Brasil de 15.11.1969 (pág. 22).