
A corrosão do PT, nos últimos cinco anos, e a combustão do PSL demonstram que o Brasil é um país partido sem partidos. Até porque por aqui quase todo mundo parece mais confiável do que os políticos.
Nas pesquisas de opinião que buscam saber quem dispõe de mais credibilidade social, os políticos ocupam as posições derradeiras. Muitos são apontados como culpados pela situação, mas a culpa é quase sempre deles mesmos.
Para se defenderem, os políticos dizem que são mais visados por pertencerem a poderes mais abertos que todos os outros.
Não restam dúvidas de que as casas parlamentares, nos três níveis – federal, estaduais e municipais, são mais visíveis e mesmo mais acessíveis do que gabinetes de empresários, de juízes, de bispos, de militares, etc.
Maquiavel afirmou, de forma correta, que o príncipe almeja o poder e trabalha de forma racional para alcançá-lo. Porém, por estes tristes trópicos o povo vem avaliando mal as posturas adotadas pelos políticos, sempre em busca de qualquer tipo de aliança, com qualquer partido, sob qualquer compromisso, mesmo os inconfessáveis, desde que isso lhes rendam um bom balaio de votos.
Os partidos são, nas democracias maduras, veículos de ideias, propostas e projetos para a sociedade. Às vezes, quando as ideias, propostas e projetos para a sociedade são próximos ou convergentes, os partidos se aliam. Entretanto, um partido não faz aliança com o primeiro que lhe abana o rabo. Se assim o faz, deixa de ser uma agremiação que trabalha para a sociedade e passa a ser uma instituição que trabalha pelos seus próprios interesses. No Brasil, os partidos trocam propostas por tempo de rádio e televisão.
A situação é tal que hoje, no nosso país, é visto como radical e intransigente qualquer pessoa que defenda seus pontos de vista acima das conveniências do momento, pois aqui as visões de mundo não chegam a ser representadas pelos partidos, sinal incontestável de nossa debilidade partidária.
Há vida inteligente e qualificada em meio à barbárie partidária nacional, afinal os nossos políticos nasceram e cresceram em meio a balbúrdia de um sistema político torto, não sendo sozinhos os responsáveis pela situação, ainda que os maiores responsáveis por estarem como estão.
Deu no que deu, mas é possível reformar e corrigir.