Operações atípicas antecipam queda das ações da Petrobras

02 de Março 2024 - 12h29
Créditos: Agência Senado


Na terça-feira (27), Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, concedeu uma entrevista à Bloomberg. Na conversa, Prates sinalizou que a distribuição de dividendos poderá diminuir nos próximos meses. 

A entrevista só foi publicada no dia seguinte. Imediatamente depois da sua divulgação, os papéis da Petrobras começaram a cair, fechando o pregão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) com uma perda de 5,39% os ordinários e 5,16% os preferenciais. Como resultado, a estatal desvalorizou quase R$ 30 bilhões num único dia. Mas alguém ganhou muito dinheiro em cima disso. 

A entrevista de Prates foi publicada no site da Bloomberg às 14h22. Às 10h41, contudo, na corretora XP, foram registradas duas operações gigantescas de compras de derivativos que apostavam na queda das ações da Petrobras.

Em menos de um segundo, foram adquiridos 5,6 milhões e 6,3 milhões contratos de opções “put” (PETRO411), com compradores e vendedores operando diretamente pela XP. No total, 12 milhões de contratos redondinhos, comprados a um valor de R$ 0,26 e R$ 0,27, respectivamente.

Tais operações são completamente atípicas mesmo para papéis tão líquidos como os da estatal petrolífera, conforme aparece na imagem abaixo. Ela mostra todas as operações realizadas em 28 de fevereiro. 

A maior operação realizada naquele dia, tirando as duas atípicas, foi de 98,2 mil contratos de derivativos.

No total, quem comprou essas opções gastou R$ 3,1 milhões. No fim do dia, ganhou R$ 11,4 milhões, pois a mesma opção valorizou quase 400%, chegando em R$ 0,95, como consequência da queda das ações da Petrobras. 

Essa não foi a única operação atípica com opções da Petrobras realizada poucas horas antes da publicação da entrevista de Prates. 

Dúvidas sobre essas operações começaram a ser divulgadas ao longo da manhã desta sexta-feira, 1º, por analistas convidados na programação ao vivo da TV BM&C News. O canal é especializado no mercado financeiro.

Às 10h50 do dia 28 de fevereiro, nove minutos depois da primeira operação, foram adquiridas 10,5 milhões de contratos de opções da Petrobras (PETRO392), por um valor de R$ 0,20 cada, no total de R$ 2,1 milhões.

A mesma opção terminou o dia em R$ 0,91, com um ganho de R$ 9,5 milhões.

Segundos depois dessa segunda operação, foi realizada outra compra maciça de outros 10,5 milhões de contratos derivativos “put” sobre ações da Petrobras (PETRO382), em duas tranches (uma divisão de um contrato) de 2.992.800 e 7.507.200, por um valor de R$ 0,14 e R$ 0,13, respectivamente.

Essa opção chegou a uma máxima de R$ 0,61 no pregão de 28 de fevereiro. No total, quem realizou essa operação gastou R$ 1,4 milhão, ganhando no final do dia R$ 6,4 milhões.

No total, as três operações combinadas resultaram em um ganho de mais de R$ 27 milhões.

Procurada pela Revista Oeste, a XP informou que não irá se manifestar sobre o caso. A CVM informou que não comenta casos específicos. 

Com informações de Revista Oeste

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