Para empresários, retomada da economia requer incentivos do Estado e Município

29 de julho 2020 - 02h58
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A retomada da economia potiguar caminha a passos lentos e exigirá estratégias, como políticas de incentivos dos governos de estados e municípios, para ganhar fôlego, na avaliação de empresários. Para o presidente do Sindicato de Bebidas e Águas Minerais do RN (Sicramirn) e diretor da FIERN, Djalma Barbosa Júnior, a retomada da economia potiguar deverá ser lenta frente a ausência de incentivos para as empresas, nos âmbitos estadual e municipal. O setor de bebidas não suspendeu as atividades no período de isolamento social. Para isso, medidas como adoção de protocolos de bioprevenção e a suspensão de contratos e redução de jornadas de trabalho e de salários facilitaram a manutenção dos empregos.

Com a previsão de fim da prorrogação da MP 936 em 15 de agosto, o presidente do Sicramirn afirma que o momento é de avaliar. “Os empresários estão vigilantes avaliando os próximos 30 dias. Com o fim da suspensão de contratos e da redução de jornada, as empresas enfrentaram mais dificuldades e poderá haver demissões. Para voltar a crescer, é preciso estímulo, com incentivo fiscal, isenção tributária. As únicas ações que tivemos foi do governo federal, com as MPs 927 e 936, o Pronampe. É preciso que Estado e Município revejam políticas de apoio. E no campo federal, é um momento delicado para tratar aumento de carga tributária”, analisa Barbosa.

O diretor da Água Mineral Santa Maria, Roberto Serquiz, conta que mesmo sem descontinuidade das atividades, a empresa opera com 40% da capacidade instalada e registrou média de queda de 60% no faturamento devido à baixa demanda provocada pela pandemia. Nesse período de isolamento social, a empresa manteve apenas a venda de garrafões de 20 litros, que sofreu recuo de 20% nas vendas. O baque maior foi nos descartáveis que caiu 95%, no período. Além disso, o período de chuvas é considerado de baixa para a produção também interferiu nos resultados.

“A economia sofre os efeitos de duas pandemias, a do Coronavírus e a do conflito de competências na divulgação de informações contraditórias, entre imprensa e governantes, o que levou a politização da pandemia. Esse cenário de turbulência poderia ter sido evitado”, observa Serquiz, que também é diretor primeiro tesoureiro da FIERN e presidente do SINDRECICLA.

Para manter a equipe de colaboradores, a empresa adotou férias antecipadas, por grupos, entre outras ações previstas pelas Medidas Provisórias.  “Montamos um plano de sobrevivência, no início da pandemia, e estamos conseguindo evitar as demissões”, disse. Além disso, criou protocolos com a ionização dos garrafões na área de acesso a indústria, campanhas de conscientização e sensibilização e a testagem de colaboradores e de clientes e adotou os demais protocolos de biossegurança formatados por órgãos de saúde e governos.

Para O CEO da BQMIL – Brasil Química e Mineração Industrial, Marcelo Rosado, a retomada tem sido mais desafiadora uma vez que as empresas, no início da pandemia, precisaram desmontar parte das suas equipes de trabalho (marketing, design, promotores de venda, manutenção, controle de qualidade, pesquisa) e setores não ligados diretamente ao produto, mediante a falta de uma previsão do retorno das atividades e cenários de incerteza.

“Os meios de comunicação nos deixaram tão aterrorizados, que o nosso planejamento de funcionamento foi adequado para uma não retomada a médio e curto prazos. Esse desmonte exigirá algum tempo para ser refeito e voltarmos ao nível de eficiência que havíamos conquistado. Com as equipes de trabalho menores, os protocolos não tem sido uma dificuldade, os meios de treinamento ganharam os canais on-line como um bom suporte, mas as empresas terão um grande desafio em se reinventar para um novo mercado mais exigente e online nos próximos meses”, analisa Rosado, que é vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Calcário, Fabricação de Cimento, Cal e Argamassa (SINECIM).

Construção civil espera crescimento

Na contramão, para o setor da Construção Civil as expectativas são de crescimento. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Mossoró (Sinduscon/Mossoró), Sérgio Freire, explica que, diferente de outras atividades que enfrentam mais dificuldades, o setor deverá puxar a retomada da economia nacional a partir do próximo ano. No mercado imobiliário, puxado pela maior demanda de vendas de imóveis, serviços de reforma e melhorias nas construções que após retração no início da pandemia, registrou crescimento devido ao isolamento social. E na área de infraestrutura, com o ovo marco de saneamento básico do Brasil sancionado este mês, que deverá trazer investimentos e terá a participação da iniciativa privada.

“Acredito que o setor da construção civil, junto com o agronegócio, serão os responsáveis pela recuperação da economia em 2021, puxando uma grande retomada”, disse Freire.

Em março e abril, a construção civil sentiu os impactos com aumento da inadimplência e retração das vendas de imóveis, mas que a partir de maio voltou a crescer. Atualmente, a dificuldade tem sido o aumento no custo de insumos. “O gargalo, hoje, é o reajuste de materiais que chega a ser abusivo, com aumento de 12% e 15% no mês. Isso impacta diretamente o setor”, observa o presidente do Sinduscon/Mossoró.

O setor não enfrentou paralisação das atividades, devido não trabalhar com atendimento ao público e não gerar aglomeração, e adotou protocolos de biossegurança nos canteiros de obra. “Tivemos o cuidado de adotar e adequar para garantir todos os cuidados com higiene, limpeza, distanciamento, fornecimento de máscaras e álcool gel e a realização do programa +Diagnóstico, em parceria com o SESI, para o teste rápido de Covdi-19 nas empresas”, disse.