PGR: Sites pró-governo transformaram atos antidemocráticos em negócio lucrativo

22 de Junho 2020 - 12h19
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Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro transformaram a divulgação de atos antidemocráticos -- com pautas como o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal --  em “negócio lucrativo” que pode ter rendido mais de R$ 100 mil, aponta a Procuradoria-Geral da República. 

CNN teve acesso à íntegra do inquérito aberto no dia 20 de abril pela PGR para investigar a organização desses atos. A suspeita é que parlamentares, empresários e donos de sites bolsonaristas atuam em conjunto e de forma orquestrada. Na semana passada, eles foram alvo de mandados de busca e apreensão e tiveram o sigilo bancário quebrado.  
 
De acordo com as investigações conduzidas pelo vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques, há indícios de que os alvos passaram a disseminar “mensagens apelativas” em redes sociais em busca de dinheiro. O inquérito conduzido apura o financiamento das manifestações.

Segundo Jacques, “os frequentes entrelaçamentos dos membros de cada um dos núcleos” indicam “a potencial existência de uma rede integralmente estruturada de comunicação virtual voltada tanto à sectarização da política quanto à desestabilização do regime democrático para auferir ganhos econômicos diretos e políticos indiretos.

De acordo com o inquérito, sites bolsonaristas podem ter lucrado, especialmente, com a transmissão de atos que tiveram a participação do presidente. 

O vice-procurador-geral cita dados de um relatório de uma empresa especializada em análises estatísticas de páginas do YouTube, segundo os quais, por exemplo, a Folha Política, site que diariamente publica vídeos em defesa do governo, pode ter faturado entre US$ 6 mil e US$ 11 mil com a “live” do presidente do dia 3 de maio em frente ao Palácio do Planalto. 

Já o vídeo da participação de Bolsonaro no ato de 19 de abril, dia do Exército, pode ter rendido, segundo a PGR, lucro US$ 7,55 mil e US$ 18 mil. A manifestação, em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, pedia intervenção militar e o fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal). O inquérito aponta que, com a transmissão, o canal "Foco do Brasil” teve 1,5 milhão de visualizações. 

Com informações da CNN Brasil