Secretário de Fátima rebate prefeito: Receitar Ivermectina pode aumentar mortes

15 de julho 2020 - 03h29
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O secretário estadual adjunto de Saúde Pública, Petrônio Spinelli, rebateu as palavras do prefeito Álvaro Dias (PSDB), em relação ao suposto sucesso da ivermectina no tratamento precoce dos pacientes com coronavírus no Rio Grande do Norte. Um dos principais nomes do Governo Fátima Bezerra (PT) nas ações de combate ao Covid-19 desde o início da pandemia, Spinelli disse que recebeu a declaração do tucano com "extrema preocupação e ingrata surpresa". 

"Uma coisa é o médico na sua relação médico/paciente acreditar numa determinada terapêutica e passar para o paciente e o paciente tomar mesmo sabendo que as evidências científicas não são suficientes para dar segurança que aquela medicação vai agir naquela doença. Mas quando se trata de autoridades, sejam sindicais ou públicas, isso é de uma repercussão muito maior e com gravidade de potenciais em dois aspectos", disse o secretário em entrevista a agência Saiba Mais.

Nesta terça-feira (14) , o prefeito Álvaro Dias foi enfático ao defender que a queda de casos do coronavírus na capital potiguar teria sido causada pelo uso do medicamento, assim como dos demais remédios incluídos no protocolo médico municipal. 

De acordo com Spinelli, o primeiro que mais preocupa, "é propagandear uma cura de uma coisa – ou redução de risco – que não está comprovada cientificamente. Do ponto de vista científico a própria Anvisa desautorizou o uso da Ivermectina e consequentemente colocou cientificamente que não existem estudos suficientes para garantir a eficácia médico e terapêutico. A segunda é que autoridades falando isso pode criar – e aí mora o grande perigo do problema – uma falsa sensação de segurança, e realmente minar a única coisa o que o mundo todo comprova que é eficiente no combate ao Coronavírus, que é o isolamento social. Tem que lembrar que o isolamento social é mais que uma atitude normativa de decretos, é muito mais uma ação psicológica e social da sociedade que qualquer sensação de segurança pode levar ao relaxamento com consequências nefastas e imprevisíveis para a saúde pública e para a mortalidade das pessoas".