'Ser gay não é crime, mas é pecado': o que há por trás da frase do papa

27 de Janeiro 2023 - 04h38
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O papa Francisco afirmou que as leis que criminalizam a homossexualidade são injustas e que "ser homossexual não é um crime [...], mas é um pecado". Em entrevista à agência de notícias Associated Press, divulgada nesta quarta (26), ele criticou alguns bispos da Igreja Católica em algumas partes do mundo que apoiam leis que criminalizam a homossexualidade ou discriminam a comunidade LGBTQ.

O pontífice observou que os bispos católicos precisam de passar por um processo de mudança para reconhecer a dignidade de todos e agir com "ternura, como Deus tem para cada um de nós".

Ele disse que, no que diz respeito à homossexualidade, é necessário haver uma distinção entre um crime e um pecado. 

"Ser homossexual não é crime", afirmou. "Não é um crime. Sim, mas é um pecado", observou, ressaltando a importância de se distinguir entre as duas coisas. "É também um pecado faltar com a caridade ao próximo."

Em torno de 67 países ou regiões em todo o mundo criminalizam a atividade sexual consensual entre pessoas do mesmo sexo. Entre estes, 11 preveem a aplicação da pena de morte, segundo a Human Dignity Trust, uma ONG com sede no Reino Unido que trabalha para abolir essas legislações.

O papa qualificou essas leis como injustas e disse que a Igreja Católica pode e deve trabalhar para que elas sejam eliminadas.

"[A Igreja] deve fazer isso. Tem de fazer", ressaltou. 

Francisco disse que os homossexuais devem ser acolhidos e respeitados, e não marginalizados ou discriminados.

"Somos todos filhos de Deus, e Deus nos ama como somos e pela força que cada um de nós luta por nossa dignidade", disse Francisco, na entrevista realizada no Vaticano.

A doutrina católica, ao mesmo tempo em que defende que os LGBTQ devem ser tratados com respeito, sustenta que os atos homossexuais são fruto de uma perturbação. Francisco não mudou essa doutrina, ainda assim, seu papado é marcado por uma aproximação entre a Igreja e essa fatia da sociedade.

Com informações de UOL