Tecnologia para a sustentabilidade turística

09 de Agosto 2019 - 11h28

 

Roberto Francisco Senestrari, Head de Industry Affairs para América Latina da Amadeus

Os riscos que a mudança climática representa para o nosso modo de vida, tal como o conhecemos, são mais reais do que nunca. O tema é discutido em grandes reuniões internacionais e na elaboração de políticas públicas entre organizações não governamentais e entre empresas multinacionais. Dificilmente passamos um dia sem nos inteirarmos de algo novo relacionado à questão ambiental e ao nosso papel nos ecossistemas.

De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas, se continuarmos com os mesmos hábitos até 2030, haverá um aumento de 1,5 graus C° na temperatura global, o que seria fatal para o nosso planeta. No entanto, ainda temos tempo de reverter essa situação. Além das políticas públicas criadas em torno da questão, há várias ações coletivas e individuais que nós, como empresas, podemos realizar para reduzir significativamente a nossa pegada de carbono.

Um recente estudo do Banco Mundial, chamado de "What a Waste", advertiu que os resíduos sólidos que todos os dias colocamos nos lixos fora de nossas casas irão duplicar até 2025. O relatório estima que a geração global de resíduos sólidos irá aumentar de pouco mais de 3,5 milhões de toneladas por dia, em 2010, para mais de 6 milhões de toneladas por dia, no final do primeiro quarto deste século. Para a América Latina, de acordo com o relatório "Perspectiva sobre a Gestão de Resíduos na América Latina e no Caribe", apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, na sigla em inglês), cerca de 145 mil toneladas de resíduos urbanos gerados diariamente na América Latina e no Caribe são tratados de maneira inadequada e acabam poluindo os solos, a água e o ar da região.

Considerando essa situação, a Amadeus, uma empresa social e ecologicamente responsável, conta com um abrangente programa de responsabilidade social e sustentabilidade que inclui acordos com organizações no mundo todo, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês). Como parte de nosso interesse, temos programas corporativos em quase todos os nossos escritórios ao redor do mundo e nos propusemos a reduzir o desperdício ao máximo e, gradualmente, iniciamos uma mudança significativa.

Além disso, decidimos dar um passo à frente aproveitando a tecnologia que sempre caracterizou a nossa empresa. Pensamos no desperdício causado pelo simples fato de usar folhas de papel. Sabemos que a superexploração madeireira é um problema real e nós não queremos mais ser uma parte dele. Desta maneira, em dezembro de 2018, começamos a utilizar o "DocuSign".

O DocuSign é uma plataforma digital que permite assinar contratos sem imprimi-los. Essa plataforma oferece muita segurança, uma vez que todos os acordos são digitalizados, tornando praticamente impossível qualquer modificação. Além disso, todos nós sabemos como é incômodo e pouco eficientes longos documentos impressos, especialmente nas visitas a clientes e parceiros de negócios.

Logo que começamos a utilizá-lo, percebemos os resultados em eficiência, economizamos muito tempo simplesmente tendo acesso aos documentos com um único clique, fomos capazes de fechar cerca de 3.500 contratos em muito menos tempo do que normalmente faríamos. Além de facilitar os processos de maneira significativa, as emissões de CO2 por funcionário foram reduzidas em 54% e, como escritório, evitamos utilizar mais de 230.000 páginas e 2,78 toneladas de CO2.

Por sua vez, conseguimos economizar 1.300 litros de água e evitamos gerar mais de 6.000 kg de resíduos. Com o esforço que fizemos juntos nos escritórios da Amadeus América Latina, salvamos 14 árvores. Isso significa que 55 pessoas conseguiram receber oxigênio adequado, considerando que cada árvore oxigena 4 pessoas.

E, embora em um primeiro momento esses números possam não significar algo relevante, eles equivalem à poluição gerada ao dirigir um carro por 23.000 quilômetros ou uma economia de 1 milhão de euros por ano por não precisar comprar folhas de papel.

É evidente que ser ecologicamente responsável não é mais uma opção, mas sim uma responsabilidade compartilhada na qual todos nós devemos colocar o nosso grão de areia. Para uma empresa como a Amadeus, que depende dos fluxos turísticos e das maravilhas que o nosso planeta oferece, sua salvaguarda é agora mais importante que nunca.