Uma entrevista com a artista plástica Maria Amélia

22 de Maio 2019 - 08h45
Créditos:

ARTE DE MARIA AMÉLIA, ENTRE NATAL E PORTUGAL.
PERFIL - Artista Plástica, cadastrada pela Secretaria de Cultura e Turismo do Estado do RN;   Jornalista formada pela UnB, com Especialização, Mestrado e Doutorado em Educação pela UFRN; formada em francês, com o Curso Superior Nancy pela Aliança Francesa, estudiosa de línguas estrangeiras. Nasceu em Salvador-Bahia, cidade da família materna, com nacionalidade também portuguesa. Reside em Natal, local de sua família paterna.


Maria Amélia, sendo você uma Artista Plástica com grande currículo de exposições e reportagens sobre sua pintura na mídia nacional e portuguesa, você informa que está com um novo projeto artístico. Fale-me um pouco sobre este projeto.
Atualmente desenvolvo um blog com a mostra de algumas de minhas pinturas, onde priorizo um olhar diverso sobre o mundo, através de países e paisagens, em viagens reais ou imaginárias. Começo esse novo projeto propondo uma série de pinturas sobre as belezas da região norte de Portugal, o Minho, por admirar a natureza e monumentos deste belo país, sua cultura e história, suas tradições e religiosidade. É o "turismo em forma de viagens pictóricas". Faço aí também uma homenagem às origens de minha família materna, com o meu coração de cidadã que tem dupla nacionalidade, brasileira e portuguesa.
Entre os quadros que já se encontram no site, estão o Jardim de Santa Bárbara, a Catedral da Sé na cidade de Braga, que é a mais antiga igreja de Portugal, o Santuário do Bom Jesus do Monte, a Nossa Senhora da Imaculada Conceição do Monte Sameiro e o Santuário de Nossa Senhora da Abadia, em Santa Maria do Bouro, Amares, lugares de intensa visitação e turismo, patrimônio histórico, religioso e cultural de Portugal. 
No blog também se encontram fotos de outros tantos quadros pintados em épocas variadas, muitos deles inspirados na natureza e nas lindas paisagens de Natal e do Estado do RN, que sempre foram motivo de inspiração para minhas obras.  Interesso-me pela interação entre culturas. 

https://www.omundopelapinturademariaamelia.com/

 

Quando começou a pintar? 
Desde criança adorava desenhar e, aos 12 anos, iniciei na pintura incentivada por meus pais, através de aulas particulares, tendo buscado um contínuo aprendizado sobre esta técnica. Um ano após participava pela primeira vez de uma exposição coletiva, em Brasília, onde me formei em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB). Desenvolvendo em paralelo as duas atividades, fui realizando mais exposições de pinturas, em coletivas ou em mostras individuais. 
Depois, já residindo em Natal com a família, ampliei o leque dessas exposições, inclusive com participações no exterior, em Aveiro e Ílhavo, Portugal, e na Espanha, em Madri. Desenvolvi trabalhos para ilustrações em livros e também tenho pintado painéis para edifícios em Natal com base em Lei Municipal, sendo artista cadastrada na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Fundação Cultural Capitania das Artes.


Pode citar algumas de suas exposições e seus temas?
Minha temática tem sido variada ao longo dos anos, porém está sempre ligada à espiritualidade, à sensibilidade e à intenção de prevalecer o belo na natureza, aquilo que possa transmitir leveza visual e espiritual. A natureza nas minhas telas já teve sua representação por olhos incluídos na paisagem e que simbolizavam a alma ali presente, pelo destaque à luz inserida nos elementos, independentemente das regras da técnica na disposição de luz e sombra, representando assim a intensidade da emoção e magia.  Visão simbólica e poética.
Vários foram os locais onde fiz exposições, além das galerias privadas, entre as quais destaco: IBM do Brasil; Embaixada dos Estados Unidos em Brasília; Centro Cultural do Jardim Botânico do Rio de Janeiro; Museu Câmara Cascudo em Natal-RN, Fundação José Augusto e Capitania das Artes, por organizadores diversos, incluindo o Comando do 3º Distrito Naval, Biblioteca Pública Câmara Cascudo, Solar Bela Vista, Aliança Francesa, Caixa Econômica Federal, SEBRAE, Banco do Brasil e Centro de Convenções, também em Natal-RN.  Participei com a minha pintura em festivais de Arte e Cinema, projetos de out-door, manifestações públicas de Arte.

Como analisa o setor? 

Há vários anos havia em Natal algumas galerias de Arte que permanentemente promoviam diversas manifestações artísticas, porém esse segmento perdeu ritmo durante algum tempo. Uma galeria que manteve sua tradição foi a da Artista Plástica Marlene Galvão e a Fundação Capitania das Artes continua ativa. Temos hoje também, na produção de Arte local, a Conviv'Art-NAC, na UFRN, e a Pinacoteca do Estado, antiga sede do Governo do RN. 
Natal sempre contou com excelentes artistas. Do início de minha projeção artística, vale citar grandes e eternos artistas com os quais pude trocar ideias, como os falecidos Dorian Gray e Thomé. Jomar Jackson, Fernando Gurgel, Vicente Vitoriano e Demétrius Coelho, entre outros, são nomes que têm seu espaço merecidamente conquistado. 
Agradeço pela visão dos críticos, jornalistas ou profissionais de Arte que tão bem escreveram sobre meu trabalho e souberam interpretar minha mensagem pictórica, a exemplo de Franco Jasiello, Antônio Marques de Carvalho, Vicente Vitoriano, Flávio Rezende, Nelson Patriota e Paulo Macêdo. Silvana Mesquita, diretora da Fundação José Augusto e depois diretora do Teatro Alberto Maranhão, foi um nome de peso para a divulgação da Arte do Estado do Rio Grande do Norte. 
Hoje, vamos além das galerias porque temos as portas abertas para alcançar um grande público através da internet. A forma de se comunicar mudou e, consequentemente, também propiciou novas maneiras de se mostrar a Arte.  Todos os caminhos se somam, mas estive trabalhando à parte do mercado, a fim de alimentar a minha liberdade de criação, enquanto introspecção necessária do artista. 


Como define o seu estilo?
A minha técnica de pintura, em óleo sobre tela, segue do figurativo ao abstrato, entre o clássico e o moderno. São quadros que interpretam natureza, pessoas, passeios, paisagens, espiritualidade e fantasias. Já me detive também na pintura de retratos, porém atualmente me concentro na livre criação, caracterizada na transformação da natureza em mundos de luz, reais ou imaginários, além de, no projeto citado, privilegiar a pintura de lugares históricos e paisagens a visitar em Portugal. Traduz-se em viagens e sonhos, através da pintura simbólica. 

Qual a importância do seu trabalho no mercado atual?
Sua importância está em poder transmitir sonhos, em forma de viagens pela pintura, buscando alcançar um maior número de pessoas; poder proporcionar novos olhares sobre o mundo, valendo-se da imaginação que nos leva a percorrer cidades, paisagens reais ou não. É o "turismo em viagens pela pintura", cujo significado é compartilhar leveza em passeios e transmitir luz espiritual. Muito além de visar o mercado, penso que o mundo atual necessita de novos olhares sobre o que vemos para suavizar a existência e melhorar as relações humanas. 

legenda foto : Santuario do Sameiro, em Braga, Portugal. Miniquadro pintado por Maria Amélia