[VÍDEO] Presidente do Grêmio: 'Oferecem CT porque não sabem o que estamos passando'

08 de Maio 2024 - 15h49
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Em entrevista ao De Primeira, o presidente do Grêmio, Alberto Guerra, descartou a possibilidade de deixar o Rio Grande do Sul em meio ao caos para seguir disputando o Campeonato Brasileiro. Segundo ele, essa ideia reflete a falta de compreensão do tamanho da crise no estado: "É uma solução de quem está muito distante do problema".

Sobre a oferta de Palmeiras, São Paulo e Flamengo: "Nós aqui no Grêmio recebemos essa solidariedade, esse oferecimento do Palmeiras, Flamengo, São Paulo, como também de quase todos os clubes, mas também julgo que é justamente por conta desse distanciamento e de não saber o que estamos passando é que estão oferecendo isso. Talvez nos sirva a partir de junho, para a gente poder pensar nisso, mas agora não tem como eu chegar para os meus jogadores, falar para o Diego Costa, para cada um deles, para se reunir, ir lá para o Rio de Janeiro e vamos treinar que semana que vem tem jogo, não tem como. Eles estão preocupados com suas famílias, muitos dos jogadores perderam casas, 70 pessoas que trabalham no CT do Grêmio, a grande maioria perdeu muita coisa, estão em casas de amigos e parentes. Não são só os 22 jogadores que vão viajar que representam o Grêmio, nós temos 350 funcionários, 400 com os jogadores, e tirar eles de suas famílias nesse momento para morar em outro estado? Essa é realmente uma solução de quem está muito distante do problema. Agradeço, obrigado pelo carinho, por tudo, mas assim, deixa a gente aqui salvando nossas famílias e depois quando a gente puder falar de futebol, a gente vê a melhor solução".

Falta compaixão com os clubes gaúchos?: "Sinceramente, acho que até pra nós aqui a gente foi talvez não acreditando tanto quanto era essa enchente, a proporção foi muito maior do que a gente esperava. Eu acredito que talvez o distanciamento talvez não dê a real noção do que a gente está passando aqui, por isso a importância de estar aqui, de estar explicando, para tentar tocar e minimamente descrever o que estamos passando. Tenho certeza que, se isso acontecesse em qualquer outro lugar do Brasil, se as pessoas estivessem aqui no nosso lugar, estariam pensando a mesma coisa, não é nenhuma desculpa técnica, ninguém está querendo benefício para os clubes, até porque o que a gente menos pensa aqui é futebol. A gente está numa fase de salvar pessoas, correr atrás de água, que é um bem escasso na cidade, está querendo ligar a luz".

'Estamos preocupados aqui em ajudar uns aos outros': "Muitos jogadores já saíram daqui, da base e do profissional, o próprio treinador, eu pedi pessoalmente para o Renato sair, ele não queria, mas pedi para ele sair porque estava preso num hotel, todas as pessoas sendo evacuadas do hotel, então a gente não tem nem tempo de ficar frustrado e magoado. Mas tenho certeza que se as pessoas estivessem aqui, se eu conseguisse expressão 10% do que a gente está passando, certamente o pensamento seria outro. Não estou preocupado com o que vão fazer com o campeonato, se vai jogar, não vai jogar, não tem tempo pra isso, a gente está preocupado aqui em se ajudar uns aos outros".

Com informações de UOL