
Confira artigo escrito pelo ex-diretor do INEP, consultor e
mestre em Sociologia, Carlos Henrique Araújo.
Grandes Desafios do
Ensino Brasileiro
Clamamos para que o novo ministro da educação, professor
Ricardo Vélez Rodríguez, enfrente as mazelas do ensino nacional. São duas as
principais: falta de aprendizado e hegemonia marxista no ensino fundamental,
médio e superior.
Sem subterfúgios e academicismo, nas últimas décadas, o
ensino brasileiro aprofundou sua irrelevância repetindo, ano após ano, a
medicação ineficiente e intoxicante das esquerdas nacionais: distribuição de
diplomas sem o zelo com o conhecimento relevante. Invariavelmente e sem causar
nenhuma comoção para a mudança, nossos alunos estão, sistematicamente, ocupando
os últimos lugares nos testes de desenvolvimento de habilidades escolares da
OCDE em ciências, língua portuguesa e matemática. De dois em dois anos, o INEP
mostra sem rodeios os baixos resultados de proficiência dos alunos do ensino
fundamental, médio e superior e nada até então acontecia além da constatação de
obviedades.
Por outro lado, a corporação e a inteligência pedagógica
nacional ignoraram a falta de aprendizado e só fizeram entoar o mantra
desgastado e inebriante de mais dinheiro, melhores salários e condições de
trabalho. O país gasta cerca de 6% do PIB em educação e os resultados são
pífios. Sem dúvida, a pressão sindical e dos chamados intelectuais e especialistas
fez surgir mais professores diplomados, melhores salários, melhores condições e
nenhum resultado prático no aumento de aprendizagem para patamares minimamente
aceitáveis. O analfabetismo literal e o
funcional são endêmicos nas salas de aula do país. Uma vergonha imensurável e
sempre contornada com promessas vazias de sucessivos ministros da educação.
Durante décadas, o MEC não mediu esforços para centralizar e
domesticar recursos técnicos e financeiros para homogeneizar o ensino em todas
as cidades. A famigerada Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um exemplo
contundente do desejo do governo federal em controlar e direcionar os conteúdos
a serem ministrados. Os documentos intitulados de BNCC extrapolam a ideia de um
currículo mínimo e comum para ditar regras de comportamento político e sexual.
São verdadeiros tratados pré-jurídicos escritos em uma linguagem de clichês e
slogans militantes. Há muito pouco de conteúdo educacional e pedagogia baseada
em evidencias.
A BNCC segue a linha e a tradição dos parâmetros
curriculares nacionais (PCNS) elaborados no início da gestão FHC, onde foram
aprofundados aspectos ideológicos de educação sexual, moldes comportamentais e
ecologia radical. Ademais, foram documentos que cristalizaram o uso da
ideologia pretensamente pedagógica do construtivismo vulgar, que acabou por
derrotar qualquer chance de alfabetização científica dos alunos brasileiros -
fato denunciado por inúmeros cientistas da educação durante décadas e
solenemente ignorado pelos poderosos do ensino. Acredito que a BNCC deveria ser
revogada e substituída por documentos mais claros, pedagógicos, enxutos e de
orientações objetivas para a elaboração de currículos de conteúdos no ensino
fundamental e médio pelos municípios e estados.
Ainda, as universidades e faculdades brasileiras são porosas
à demagogia pedagógica, às teorias não científicas e ao marxismo vulgar. A
formação dos professores brasileiros é precária em termos científicos. É uma formação meramente teórica e
extremamente politizada por meios da idolatria e da reverência pusilânime a
autores exclusivamente ideológicos como o senhor Paulo Freire. A mistura entre
a pedagogia socialista-militante e o ultrapassado construtivismo foi letal ao
ensino e ao magistério e deve ser superada de forma definitiva.
Estes dois desafios, falta de qualidade e hegemonia
esquerdista, para o novo ministro e para o presidente da República são
gigantescos e provavelmente exigirão batalhas intensas e desgastantes. Rogo a
Deus para que os ajude em tal empreitada. A universidade, a corporação e os
ditos especialistas reagirão para manter o atual estado de coisas, preservando
a fonte nutridora de seus empregos e de seus egos.
Brasília, 03 de janeiro de 2019.