Facção venezuelana usou ação da gestão Lula para se espalhar pelo país

05 de Abril 2025 - 07h18
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O Tren de Aragua, maior facção criminosa da Venezuela, já opera em pelo menos seis estados brasileiros, com alianças estratégicas com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). Investigações revelam que integrantes do grupo se passaram por refugiados para entrar no Brasil, aproveitando programas humanitários como a Operação Acolhida, criada pelo governo federal para lidar com o fluxo migratório em Roraima.

O delegado Wesley Costa Oliveira, da Delegacia de Repressão às Organizações Criminosas (Draco) de Roraima, afirma que os criminosos chegaram discretamente a Boa Vista a partir de 2016, mas logo começaram a disputar território, provocando o aumento da violência. Em 2020, o estado registrou 90 homicídios. Em 2021, o número subiu para 127, coincidindo com a consolidação da facção na região.

Com presença confirmada em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o grupo atua como fornecedor de armas e no transporte de cocaína da Colômbia, usando a Venezuela como rota. Apesar da expansão, o Tren de Aragua ainda evita confrontos diretos em outras regiões por falta de estrutura.

Além do tráfico de armas e drogas, a facção mantém um esquema de tráfico de mulheres. Venezuelanas em situação de vulnerabilidade são atraídas com falsas promessas de trabalho no Brasil e acabam exploradas em prostíbulos controlados pelo grupo. Muitas são mantidas sob dívidas crescentes e, quando não conseguem quitá-las, são mortas para servir de exemplo.

Na véspera do último Natal, a Polícia Civil de Roraima encontrou um cemitério clandestino do grupo em Boa Vista, com 10 corpos — cinco deles de mulheres, com sinais de desmembramento. A atuação do Tren de Aragua no Brasil acende um alerta sobre os efeitos colaterais da crise humanitária venezuelana e os riscos da infiltração de organizações criminosas sob o disfarce da migração.