Imagem de corpo inchado e choro da família: os detalhes do julgamento dos médicos acusados de matar Maradona

12 de Março 2025 - 09h58
Créditos: SCBA/YouTube/Reprodução


O primeiro dia do julgamento da equipe médica do craque Diego Armando Maradona, na Argentina, foi marcado por emoções à flor da pele e uma imagem do ex-jogador minutos após sua morte.

Maradona morreu há mais de quatro anos, em 25 de novembro de 2020. Sete membros da equipe médica que cuidavam dele em um pós-operatório são acusados de "homicídio simples com dolo eventual", ou seja, de saberem das consequências fatais de seus atos. Os acusados enfrentam penas de entre oito e 25 anos de prisão.

Os ânimos estavam acirrados antes mesmo da audiência, com os acusados sendo hostilizados por um grupo de algumas dezenas de fãs do jogador que se reuniram na entrada do tribunal de San Isidro.

Segundo a imprensa argentina, a ex-companheira de Maradona, Verónica Ojeda, xingou uma das rés, a psiquiatra Agustina Cosachov, de "cachorra mal parida", ainda na calçada.

O momento mais dramático da audiência foi quando o promotor, Patricio Ferrari, mostrou uma fotografia de Maradona deitado, com o corpo visivelmente inchado: "Foi assim que Maradona morreu", afirmou.

Ferrari afirmou no início de sua sustentação que os acusados "foram absolutamente indiferentes" ao risco de morte que Maradona corria.

Ele também qualificou a internação domiciliar, na qual o campeão do Mundo de 1986 se recuperava de uma neurocirurgia, como "temerária, deficiente e sem precedentes" e disse que a equipe médica não seguiu nenhum protocolo e descreveu o local como "um teatro do horror".

Os profissionais da saúde que deveriam atendê-lo participaram de "um assassinato", acrescentou o promotor. "Eles o condenaram ao esquecimento e deliberadamente, com crueldade, decidiram que ele morresse."

A exibição da imagem de seu corpo fez com que as três filhas de Maradona, Jana, Dalma e Gianinna, presentes na sala, chorassem. Para o advogado das duas últimas, Fernando Burlando, o uso da imagem "não foi nenhum golpe baixo".

Espera-se que o julgamento dure pelo menos até julho, com cerca de 120 testemunhas convocadas.

Edema pulmonar e insuficiência cardíaca
O carismático jogador, que sofria de múltiplas patologias crônicas, morreu por edema pulmonar e insuficiência cardíaca em sua residência particular em Tigre, ao norte de Buenos Aires.

Dezenas de fãs se reuniram nesta terça-feira em frente ao tribunal com bandeiras argentinas e cartazes com o rosto do ídolo esportivo, gritando "Justiça para o Deus do futebol! Que todos paguem!".

Os acusados são o neurocirurgião Leopoldo Luciano Luque, a psiquiatra Agustina Cosachov, o psicólogo Carlos Ángel Díaz, a médica coordenadora Nancy Forlini, o coordenador de enfermeiros Mariano Perroni, o médico clínico Pedro Pablo Di Spagna e o enfermeiro Ricardo Almirón. A enfermeira Dahiana Gisela Madrid será julgada separadamente em um tribunal de júri.

Defesa
Os acusados negam qualquer responsabilidade pela morte da lenda do futebol mundial, justificando-se com sua própria especialidade ou tarefa segmentada.

O advogado Vadim Mischanchuk, defensor da psiquiatra Cosachov, declarou à AFP que estava "muito otimista quanto a uma absolvição".

Por sua vez, o advogado Rodolfo Baqué, advogado do enfermeiro, afirmou: "Lamento muito pelas filhas e pelo filho, mas Almirón foi o que avisou que ele tinha 118 de pulsação, por que ele está aqui?".

Com informações de g1