
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta terça-feira (6) que o chamado núcleo político da suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 atuava diretamente no abastecimento do núcleo de desinformação, cuja denúncia é analisada pela Primeira Turma da Corte.
Segundo Moraes, esse núcleo político — já tornado réu, com nomes como o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — instrumentalizava ordens ao núcleo de produção e difusão de fake news, com o objetivo de descredibilizar o processo eleitoral e as instituições democráticas, como o STF e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Durante seu voto pelo recebimento da denúncia contra o major da reserva Ailton Gonçalves Moraes Barros, Moraes apresentou conversas entre o acusado e o general Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Os diálogos mostrariam tentativas de atacar a reputação do então comandante do Exército, general Freire Gomes, que se opunha a um golpe, segundo o relato da Procuradoria-Geral da República (PGR).
“É gravíssima a imputação feita pela PGR. É importante analisar e colocar esse núcleo de desinformação dentro do contexto da organização criminosa”, declarou Moraes.
“Não há dúvidas nesse primeiro momento de comunicação entre o núcleo 1 [político] e o núcleo 4 [desinformação]”, completou.
De acordo com o relator, os acusados atuavam de forma articulada para disseminar fake news e incitar a população contra o sistema eleitoral. “Não se trata aqui de ‘ah, uma pessoa repassou uma notícia para a outra’. Houve a montagem de um verdadeiro gabinete do ódio”, disse Moraes.
Quem são os acusados do núcleo 4, segundo a denúncia:
Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva do Exército
Ângelo Martins Denicoli – major da reserva do Exército
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal
Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército
Guilherme Marques de Almeida – tenente-coronel do Exército
Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército
Marcelo Araújo Bormevet – agente da Polícia Federal
O julgamento prossegue com os votos dos demais ministros da Primeira Turma, que decidirão se aceitam ou não a denúncia para tornar os sete acusados réus.