MPF pede que prefeitura de Natal consulte comunidade sobre ações no Complexo da Redinha e suspenda lei de concessão

08 de Março 2025 - 07h52
Créditos: Magnus Nascimento/Secom

O Ministério Público Federal (MPF) ingressou com uma ação civil pública para exigir a participação da comunidade tradicional local nas decisões sobre as intervenções do Complexo Turístico da Redinha, em Natal, e para pedir a suspensão do projeto de concessão do empreendimento à iniciativa privada.

Depois de ser inaugurado em dezembro e fechar as portas em janeiro, o Complexo Turístico da Redinha, que abriga o antigo Mercado da Redinha, reabriu de forma temporária no dia 6 de fevereiro após negociações entre comerciantes e a prefeitura.

A nova previsão de fechamento é nesta segunda-feira (10). O objetivo do Município é lançar um novo edital de concessão à iniciativa privada, já que o primeiro deu deserto, sem empresas interessadas. A prefeitura informou que não há um novo prazo para reabertura.

Na ação civil pública, o Mistério Público Federal citou que a prefeitura aprovou a concessão da gestão da área a iniciativa privada sem consultar a população.

A Consulta Prévia, Livre e Informada (CPLI) faz parte da Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e tribais, da qual o Brasil é signatário.

Em nota, a prefeitura de Natal informou que viu a ação com "estranheza" e citou que "a convenção não se aplica aos quiosqueiros". Questionou também o motivo de se ouvir a comunidade após a conclusão da obra e afirmou que "o equipamento a ser licitado à iniciativa privada trará mais prosperidade para região". 

O procurador da República Camões Boaventura, autor da ação, citou que intervenções em áreas de relevante valor étnico e social não podem ocorrer sem a garantia dos direitos das populações que habitam o local há gerações.

A ação do MPF pede que:

  1. A Justiça Federal que determine, em caráter de urgência, ao município de Natal que não adote qualquer nova medida administrativa ou legislativa referente à Redinha, sem a realização de Consulta Prévia, Livre e Informada (CPLI) à comunidade tradicional local;
  2. A imediata suspensão da Lei Municipal 7.74/24, que regulamenta a concessão do Complexo Turístico da Redinha à iniciativa privada. A lei foi aprovada em regime de urgência na Câmara Municipal e sancionada pelo município, no final do ano passado.
  3. Pagamento de indenização pelos danos morais coletivos causados à população.

Com informações de g1 RN