Trump fecha fronteira com México e deixa imigrantes sem destino

25 de Janeiro 2025 - 07h47
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O Pentágono mobilizou mais 5.000 soldados que podem ser enviados à fronteira com o México, em um sinal de que o novo governo Trump pretende militarizar de forma inédita a região sul dos EUA. As tropas vêm de unidades usadas em combates em guerras. 2.500 homens já estão no local. Outros 1.500 estão sendo deslocados para lá, anunciou nesta semana a Casa Branca.

Na última quarta (22), o presidente Donald Trump fechou a fronteira e suspendeu o atendimento a imigrantes e refugiados, deixando milhares sem destino.

A reportagem do UOL percorreu ambos os lados da fronteira entre o México e os Estados Unidos, no estado do Texas, colhendo mais de uma dezena de depoimentos de quem, diante das decisões de Trump, viu sua vida paralisada.

Para essas pessoas, regressar é quase tão impossível quanto saltar o muro que os separa. "Estou preso aqui", disse o cubano Lazaro, ao receber a reportagem em seu modesto abrigo do lado mexicano da fronteira.

Ele conta que vendeu tudo para conseguir pagar pela viagem até o norte do México. A família, afirma, abandonou Cuba em setembro de 2024 após um de seus tios ser perseguido pelo governo de Havana, por denunciar a grave situação econômica do país.

"Tivemos que sair. Pagamos US$ 3.000 para chegar à Nicarágua. Mas, para nossa surpresa, gastamos muito dinheiro pagando cartéis na Guatemala e no México para que nos permitissem alcançar a fronteira", contou o imigrante.

Segundo ele, em apenas um dos trechos, no sul do México, teve de deixar US$ 350 nas mãos dos criminosos para poder prosseguir com a viagem.

O cubano enfim chegou até a fronteira com o Texas. Ele foi informado por um aplicativo que havia sido criado pelo presidente Joe Biden que seria recebido por agentes norte-americanos em 22 de janeiro.

Ali, esperava mostrar que sua família sofria perseguição e pediria status de refugiado. Mas, horas depois de Trump assumir, no dia 20 de janeiro, Lazaro recebeu por email um aviso de que todo o serviço de atendimento aos estrangeiros estava anulado, sem prazo para voltar a funcionar.

Lazaro apostava que Trump, por ter uma posição crítica em relação a Cuba, seria sensível à situação dos que fogem do regime, mas não foi o caso. Ele está em um albergue na cidade de Piedras Negras, aos pés do Rio Grande, na fronteira com os EUA.

A nova residência existe apenas graças a um pastor que decidiu colocar as dependências de sua igreja à disposição dos imigrantes. O cubano passa seus dias pensando no que fazer. "Não sei se um dia vou conseguir cruzar mais essa fronteira. Mas não tenho como voltar para Cuba. Trump significa o fim do sonho de todo o imigrante", constatou.

O novo governo decidiu suspender toda a admissão de refugiados, mesmo os que já tinham sido aprovados. Cerca de 50 mil pessoas estariam nessa situação.

Com informações do UOL