A curiosa numeração da seleção na Copa de 1958 e o incógnito benfeitor

23 de Agosto 2020 - 07h15
Créditos:

Àqueles mais observadores já notaram, nas turvas imagens em preto e branco dos jogos da Copa de 1958, a curiosa numeração das camisas dos atletas e que não são compatíveis com a posição que cada um exercia em campo.   

Garrincha com a camisa 11? Zagallo com a camisa 7? Didi, que no Botafogo usava a 8, vestiu a 6. Gilmar, na época do Corinthians, ganhou o número 3 na sua camisa de goleiro! O alvinegro Nilton Santos ficou com a 12.

O quarto-zagueiro Orlando, do Vasco, vestiu a 15, enquanto seu reserva, Zózimo, do Bangu, ficou com a 9, tradicionalmente usada pelos centroavantes, que em 1958 foram o vascaíno Vavá (20) e o palmeirense Mazzola (18).

Qual a razão dessa numeração ser diferente da convencional?

Zagallo não garante, mas tem uma explicação para a numeração dada às camisas na Copa da Suécia.

– Havia uma numeração nas malas com que viajamos. Lembro que me deram a mala com o número 7. A do Pelé era a 10. Os números das camisas seguiram os números das malas.

Por décadas, a antiga CBD manteve a versão de que a FIFA havia feito a imposição daquela esdrúxula numeração.    

A verdade é que coube a um uruguaio o enigma da numeração diferente: O Sr. Lorenzo J. Vilizio, então representante da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) no comitê organizador da FIFA.

A ficha de inscrição da seleção brasileira chegou incompleta ao comitê organizador, sem constar a numeração das camisas que os atletas usariam em campo, e aquilo poderia custar, pasmem, a eliminação da seleção antes mesmo da Copa começar.

Então o Sr Vilizio, em um gesto solidário com os irmãos sul-americanos, pegou sua caneta e saiu numerando os jogadores a sua maneira, sem usar qualquer critério. A rigor, só acertou dois números. Dino Sani (volante) com a 5 e Pepe (ponta-esquerda reserva) com a 22, pois embora Castilho usasse a numero 1, não foi o goleiro titular. Por outro lado, sem querer, ajudou a eternizar a mística da camisa 10.      

Segue o elenco campeão de 1958 e a diferente numeração de cada um:

Castilho (Fluminense) - Goleiro - 01

Bellini (Vasco) – Zagueiro – 02

Gilmar (Corinthians) – Goleiro – 03

Djalma Santos (Portuguesa) – Lateral – 04

Dino Sani (São Paulo) – Volante – 05

Didi (Botafogo) – Meia – 06

Zagallo (Flamengo) – Atacante – 07

Oreco (Corinthians) – Lateral – 08

Zózimo (Bangu) – Zagueiro – 09

Pelé (Santos) – Atacante – 10

Garrincha (Botafogo) – Atacante – 11

Nilton Santos (Botafogo) – Lateral – 12

Moacir (Flamengo) – Meia – 13

De Sordi (São Paulo) – Lateral – 14

Orlando (Vasco) – Zagueiro – 15

Mauro (São Paulo) – Lateral – 16

Joel (Flamengo) – Atacante – 17

Mazolla (Palmeiras) – Atacante – 18

Zito (Santos) – Volante – 19

Vavá (Vasco) – Atacante – 20

Dida (Flamengo) – Atacante – 21

Pepe (Santos) – Atacante - 22  

Créditos de informações e imagens para criação do texto: www.cbf.com.br; www.sambafoot.com; https://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj2906200827.htm