A troca de medalhas

26 de julho 2021 - 07h16
Créditos:

Aurélio Miguel Fernandez começou a lutar judô aos três anos de idade. Sempre levou a sério o propósito de ser um judoca e fez vários estágios no Japão, berço do esporte.   

É paulista e, como o sobrenome sugere, filho de espanhóis. Poucos meses antes da Olimpíada de Seul/1988, um emissário espanhol fez a proposta de 5 mil dólares mais casa, comida e quimono lavado para que lutasse defendendo a terra dos pais. Decidiu abdicar dos dólares espanhóis para ficar com o ouro para o Brasil na categoria pesado.

Nem por isso deixou de fazer homenagem aos pais. No seu quimono, na parte de cima estava bordado “Aurélio Miguel”, quase o nome de seu pai – Aurélio Miguel Marin. Na calça, tinha “Aurélio Fernandez”, nome da mãe – Maria Catalina Fernandez – que havia falecido dois anos antes. Foi a ela que Aurélio Miguel dedicou a medalha.

Em 1996, em Atlanta, o ouro não se repetiu. Subiu ao pódio desta vez para receber o bronze na categoria meio-pesado. Após a festividade de premiação, acariciando sua conquista, Aurélio observou a inscrição half-heavy-weight, nome de sua categoria em inglês. Ao lado, porém, o peso denunciava o engano: 72kg, que é o  limite para a categoria feminino. A medalha masculina deveria ter 95kg.

Esperou que o Comitê Organizador reparasse o engano. Como isso não se resolveu, tratou pessoalmente de receber o que lhe era por direito e procurou na Vila Olímpica a italiana Yelena Scapin, que estava de posse da medalha de bronze masculina e fizeram a troca.

Dados de pesquisa: Brasileiros Olímpicos (Lédio Carmona, Jorge Luiz Rodrigues e Tiago Petrik)