Bolsonaro faz live defendendo voto impresso e admite não ter provas de fraudes nas eleições

30 de julho 2021 - 03h04
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O presidente Jair Bolsonaro admitiu, em live nesta quinta-feira (29), que não tem provas para afirmar que haja risco de fraude no sistema atual de urnas eletrônicas – ou que as últimas eleições realizadas no país tenham sido fraudadas.

Bolsonaro convocou veículos de imprensa e usou a emissora pública de televisão para uma transmissão em tempo real na qual, segundo anunciou, seriam mostradas "provas" das fraudes.

A transmissão se estendeu por mais de duas horas e Bolsonaro tratou de diversos temas não relacionados às eleições. Em vez de provas, no entanto, o presidente apresentou uma série de notícias inverídicas e vídeos que já foram desmentidos diversas vezes por órgãos oficiais.

"Os que me acusam de não apresentar provas, eu devolvo a acusação. Apresente provas de que ele não é fraudável", declarou Bolsonaro em determinado momento.

"Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas", disse, minutos depois.

"Não temos provas, vou deixar bem claro, mas indícios que eleições para senadores e deputados podem ocorrer a mesma coisa. Por que não?", apontou em um terceiro momento.

Ministro Barroso

Em vários momentos da transmissão, o presidente voltou a fazer críticas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, que é contrário à adoção do voto impresso.

Sem provas, Bolsonaro disse que o magistrado quer "manter a suspeição das eleições" e levantou suspeitas de que Barroso teria atuado junto a parlamentares para tentar barrar o avanço da PEC do voto impresso na Câmara.

Mais cedo, nesta quinta-feira, Barroso participou da inauguração da nova sede do Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE-AC). Em pronunciamento, o ministro do Supremo Tribunal Federal disse que o discurso de que “se eu perder, houve fraude” é de quem não aceita a democracia. O STF e o TSE vêm reiterando a confiabilidade e a lisura do sistema.

Em uma crítica ao Judiciário e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro afirmou não ser possível "os caras que tiraram o outro da cadeia serem as mesmas pessoas a contarem os votos" das eleições.

Além de exibir as notícias e vídeos falsos, de atacar o TSE e os governos petistas, o presidente criticou o trabalho da imprensa que, nas palavras do presidente, leva ao "envenenamento" da população. Ele também fez críticas às pesquisas eleitorais sobre a eleições de 2022, que apontam Lula com altos percentuais de intenção de voto.

Ao longo da transmissão, o presidente também fez acenos a segmentos da população que compõem a sua base eleitoral – principalmente, militares e evangélicos.

Com informações do G1