O ex-governador Sérgio Cabral afirmou à Polícia Federal que o ex-presidente Lula lhe pediu que o estado contratasse uma empresa ligada ao seu filho, Fábio Luís Lula da Silva. O pedido, segundo o agora delator, seria uma “contrapartida pelas parcerias do governo federal” com o Rio de Janeiro.
Cabral disse ainda que intercedeu junto ao ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) para que também beneficiasse as empresas de Lulinha, o que acabou ocorrendo. As firmas vinculadas ao filho do presidente receberam mais de R$ 40 milhões com os acordos.
As falas foram feitas numa “autodeclaração” à PF de Curitiba, no âmbito da Operação Mapa da Mina, que apura o uso de firmas de Fábio Luis e do empresário Jonas Suassuna —dono de parte do sítio de Atibaia atribuído ao ex-presidente— para pagar despesas pessoais da família de Lula. A origem desses recursos, segundo a investigação, foi principalmente a companhia de telefonia Oi.
A defesa de Fábio Luis afirmou que ele "nunca foi contratado de forma direta ou indireta por empresas públicas". Lula e Suassuna também já negaram as acusações, mas não comentaram, até a publicação dessa reportagem, as afirmações de Cabral. Paes negou que tenha recebido as solicitações.
Os contratos públicos que beneficiaram as empresas de Suassuna, sócio de Lulinha, foram revelados pela Folha em 2017. Em entrevista ao jornal, um ex-executivo das firmas afirmou que o conglomerado era usado como fachada para repassar dinheiro ao filho do ex-presidente.
Cabral, que teve a delação premiada com a PF homologada pelo ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), confirmou o tráfico de influência em sua autodeclaração. Ele não apresentou provas dos encontros e dos termos que descreveu.
Com informações da Folha de S. Paulo