Curva de mortes por Covid ‘estaciona’ em patamar alto e preocupa cientistas

09 de julho 2020 - 06h17
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Um país de diversas faces e uma só doença. O Brasil que, até ontem, contabilizava 68.055 mortes por coronavírus, vê a Covid-19 disseminar-se de diferentes formas em cada região. A média de óbitos cresce vertiginosamente no Sul, atinge uma vacilante estagnação no Sudeste e cai em poucos estados, como Amazonas, Pará e Rio de Janeiro. O diagrama nacional dos casos fatais segue reto há mais de um mês. O problema é que estacionou em um nível alto demais, um comportamento que não foi visto na maioria das outras nações.

Mesmo os estados que conseguiram reduzir a média de óbitos devem seguir cautelosos. No Ceará, por exemplo, a queda do índice de mortes foi interrompida conforme a Covid-19 avançou para o interior do estado. Já o Rio de Janeiro pode ser motivo de novas preocupações nas próximas duas ou três semanas, diante do agravamento do quadro de saúde de pessoas que estariam sendo infectadas atualmente, quando a capital fluminense passa por um período de relaxamento social.

— A passagem do pico da doença gera um impacto psicológico de que o pior já passou, mas o coronavírus ainda está lá, principalmente entre os mais pobres e no interior — atenta Christovam Barcellos, sanitarista da Fiocruz. — Em todo o mundo, a curva de óbitos é assimétrica, desce do pico com uma velocidade muito menor do que chegou a ele.

Barcellos ressalta que a chegada da Covid-19 no país levou prefeitos e governadores de todas as regiões a adotar medidas semelhantes de isolamento social. A doença, no entanto, conseguiu penetrar fortemente, ainda em março, em estados como Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo.

O Globo